De acordo com o secretário-geral comunista, o partido comunista vai para o debate do Orçamento do Estado para 2019 com a ideia de lutar por melhores salários, um novo aumento extraordinário das pensões e reformas, uma política diferente na saúde, a valorização da escola pública e a expansão da gratuitidade dos manuais escolares até ao ensino secundário.
Para Jerónimo de Sousa, o problema não está na falta de dinheiro, “mas nas opções” que o governo socialista toma, ao “manter intocável o lucro dos poderosos, em prejuízo de quem trabalha ou de quem trabalhou e que tem direito a uma vida digna”.
“Temos esta visão de que é possível avançar. Naturalmente, isto depois entra em contradição e ouve-se dizer: ‘Não há dinheiro para a saúde, para a escola pública, para as infraestruturas, para a defesa dos serviços públicos’. Não há dinheiro ou estão a ir buscar onde não devem?”, questionou.
O secretário-geral do PCP apontou para a banca, referindo que esta nunca teve dificuldades em “conseguir que o Estado faça investimentos de milhares de milhões de euros”, questionando também a posição do Governo em relação às parcerias público-privadas e à dívida portuguesa.
“É uma dívida insustentável, que não é pagável, mas que o Governo encontrou forma de, nos próximos quatro anos, 35 mil milhões de euros – dinheiro que os portugueses produzem – irem direitinhos para o sorvedouro do serviço da dívida”, sublinhou, considerando que também no défice o Governo “é mais papista do que o papa”.
Nesse sentido, Jerónimo de Sousa considera que, se a atual solução governativa trouxe reposição de direitos e rendimentos e afastou um primeiro obstáculo – “o governo PSD/CDS” –, falta vencer-se um outro.
“Houve um segundo obstáculo que não foi vencido e esse é a política de direita. Uma política de direita que continua a beneficiar o grande capital, os poderosos, que aceitou os ditames, imposições e ingerências da União Europeia e do euro e isso limitou os avanços” conseguidos nos últimos dois anos e meio, argumentou.
Na perspetiva de Jerónimo de Sousa, falta ao PS ser “capaz de sacudir essa política de direita”, a razão, no seu entender, de não se “ir mais longe” no caminho já trilhado pela atual solução governativa.