A saída de Luís Montenegro do Parlamento, esta quinta-feira, deixou Fernando Negrão debaixo de fogo. Em emails enviados a toda a bancada, três destacados deputados do PSD criticaram Negrão pela falta de empenho na despedida de Montenegro.
Os deputado em questão são o ex-líder parlamentar, Hugo Soares, o apoiante de Santana, Miguel Santos, e Paula Teixeira da Cruz que criticaram Negrão por não deixar qualquer agradecimento ou elogios antes do arranque do debate quinzenal. Marques Guedes também enviou um email, mas para acusar a Esquerda de desrespeito.
Apesar de Negrão até ter dirigido umas curtas palavras ao deputado antes de questionar o primeiro-ministro, agradecendo o “excelente trabalho” de Montenegro, nos emails a que o JN teve acesso, remetidos logo após o debate desta quinta-feira, o líder parlamentar é acusado de não ter feito uma intervenção quando deveria. Ou seja, antes da sessão plenária, quando o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e o líder parlamentar do CDS o fizeram. Hugo Soares defende que era um “momento como se impunha”.
Segundo Teixeira da Cruz, Negrão mostrou “falta de respeito por quem soube unir uma bancada parlamentar como um líder amado”. E Miguel Santos destaca que “o elogio” que não houve do líder parlamentar acabou por surgir da boca do centrista Nuno Magalhães.
O JN sabe que outros três deputados – Marques Guedes, Jorge Paulo Oliveira e Luís Vales – também enviaram emails à bancada. Porém, nestes casos as baterias foram apontadas à Esquerda. A reação destes três social-democratas deveu-se ao facto de, no adeus à vida parlamentar, Montenegro só ter tido aplausos de metade dos deputados: do PSD, CDS e muito poucos do PS. António Costa e os ministros nem se mexeram. Os deputados lembram que quando Bernardino Soares [ex-líder parlamentar do PCP e agora presidente da Câmara de Loures], Honório Novo [do PCP] e Alberto Martins [o histórico deputado do PS] deixaram o Parlamento, houve “discursos inflamados”.
O ex-líder parlamentar do PSD, visto como o mais bem posicionado numa eventual sucessão a Rui Rio, fez uma intervenção no plenário, onde avisou para os perigos do “populismo e da mediocridade” e pediu ao Parlamento que “procure a excelência”.