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Restauração e comércio a retalho perderam 354,4 e 316,3 milhões em abril

A restauração e o comércio a retalho perderam 354,4 milhões de euros e 316,3 milhões de euros em abril, face ao valor transacionado com cartão no mesmo mês do ano passado, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).

De acordo com o BdP, os setores da restauração e do comércio foram os mais afetados pela redução “sem precedentes” nos pagamentos de abril.

Numa análise detalhada ao setor do comércio a retalho por comparação a abril de 2019, os dados revelam que as compras com cartão subiram 209% na aquisição de eletrodomésticos (mais 44,7 milhões de euros) e 109% no subsetor das frutas e produtos hortícolas (um aumento de 6,6 milhões de euros).

“Em particular, a evolução verificada no setor das compras de eletrodomésticos terá resultado, numa primeira fase, de um crescimento na aquisição de equipamentos domésticos para apoio ao período de confinamento, como sejam frigoríficos e aspiradores, e, numa segunda fase, de computadores e impressoras, para permitir a realização de teletrabalho e o acesso ao ensino em casa”, indica o BdP.

Em termos absolutos, a maior subida nas compras com cartão ocorreu nos supermercados e hipermercados (mais 144,9 milhões de euros) e, em sentido oposto, a maior redução em termos absolutos verificou-se no subsetor do combustível para veículos a motor (menos 67,6 milhões de euros).

Com o encerramento das lojas físicas, o subsetor do vestuário para adultos – que, em abril de 2019, era o segundo mais relevante no comércio a retalho – registou em abril de 2020 uma quebra de 99%, passando de 155,3 milhões de euros para apenas 1,6 milhões de euros.

Os fortes impactos negativos da covid-19 no turismo foram também evidentes em abril.

“Com a suspensão dos voos e o fecho das fronteiras, o turismo quase paralisou: os levantamentos efetuados por estrangeiros em Portugal caíram 67% em número e 62,3% em valor (menos 743 mil operações no valor de 80,9 milhões de euros) em comparação com abril do ano passado”, refere.

No que se refere às compras, a queda foi ainda mais acentuada: 86,6% em número e 87% em valor (menos 6,1 milhões de compras no valor de 355,7 milhões de euros).

“Apesar da redução generalizada na utilização dos cartões de pagamento, as compras ‘online’ e as compras com recurso à tecnologia ‘contactless’ (sem contacto) continuaram a registar crescimentos significativos em abril de 2020.

As compras com a tecnologia ‘contactless’ cresceram, comparativamente com o período homólogo, 44% em número e 123% em valor, com o valor médio destas operações a passar de 17,8 euros em março para 21,3 euros em abril, em resultado do aumento do limite máximo dos pagamentos ‘contactless’ para 50 euros.

O peso das compras com a tecnologia ‘contactless’ no total de compras com cartão subiu também de forma expressiva: em fevereiro de 2020, 11,6% das compras com cartão foram efetuadas com tecnologia ‘contactless’ e, em abril de 2020, 17,4%.

As compras com a tecnologia ‘contactless’ foram realizadas maioritariamente no setor do comércio a retalho (81,2% em número e 85,5% em valor).

As compras ‘online’ em ‘sites’ de comerciantes portugueses aumentaram 21% em quantidade e 53% em valor em abril, face ao período homólogo.

Já as compras efetuadas em ‘sites’ estrangeiros baixaram 18% em valor e cresceram 10% em quantidade.

Em termos globais, o peso relativo das compras ‘online’ no total de compras efetuadas com cartão passou de 7% em número e de 8,1% em valor, em fevereiro de 2020, para 11,2% e 10,8%, respetivamente, em abril de 2020.

“Confirma-se, deste modo, uma alteração nos hábitos de pagamento dos portugueses no período da pandemia de covid-19, com crescimento dos pagamentos sem contacto e dos pagamentos ‘online'”, refere o BdP.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 343 mil mortos e infetou mais de 5,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de dois milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Portugal contabiliza 1.316 mortos associados à covid-19 em 30.623 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado no domingo.

Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.

O Governo aprovou novas medidas que entraram em vigor na semana passada, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.

O regresso das cerimónias religiosas comunitárias está previsto para 30 de maio e a abertura da época balnear para 06 de junho.

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