Algarve. Hotéis contornam crise com teletrabalho e estadias longas
Os hotéis e empreendimentos algarvios estão a promover campanhas de descontos para estadias de longa duração e a disponibilizar espaços para teletrabalho
Os hotéis e empreendimentos algarvios estão a promover campanhas de descontos para estadias de longa duração e a disponibilizar espaços para teletrabalho como forma de contornar a crise no setor provocada pela pandemia de covid-19.
Quem consegue trabalhar remotamente procura cada vez mais locais para passar temporadas em teletrabalho, numa altura em que o confinamento se impõe por todo o mundo, com a hotelaria do Algarve a registar um aumento da procura nesse segmento, mais pelos portugueses, mas também por estrangeiros, disseram à Lusa responsáveis do setor.
“Temos tido uma procura consistente e, sobretudo, em crescimento cada vez que há um período de maior confinamento”, adiantou à Lusa o administrador executivo de Vale do Lobo, Pedro Reimão, notando que o ‘resort’ tem recebido reservas de mercados tradicionais, como o Reino Unido, mas também da Escandinávia.
Segundo o administrador do empreendimento, o serviço está direcionado para os chamados nómadas digitais, “para quem é indiferente estar a trabalhar em Londres, Lisboa ou em Amesterdão”, não só para aqueles que já trabalhavam desta forma, como para quem de um momento para o outro viu o teletrabalho tornar-se obrigatório.
No centro da capital algarvia, o hotel Faro também está a promover descontos para quem quer passar temporadas de 15 ou 30 dias no hotel em teletrabalho, usufruindo de uma sala de ‘coworking’ aberta 24 horas por dia e outras comodidades, contou à Lusa a diretora da unidade.
Para Sofia Hipólito, este nicho de mercado pode não ser “a salvação”, mas é “uma grande oportunidade” para um setor fortemente atingido pela crise pandémica, havendo já reservas ao abrigo da campanha para estadias mínimas de 15 dias lançada na passada semana e vários pedidos de informação.
Isabel aderiu ao pacote para 15 dias no hotel Faro e contou à Lusa que queria “testar” a possibilidade de “estar em teletrabalho num sítio diferente” e de não ter de se preocupar “com nada”, depois de ter começado a trabalhar remotamente durante a pandemia.
A bancária de Lisboa, confessa que em casa não gosta tanto deste sistema, mas considera que poder fazer teletrabalho em hotéis “abre todo um leque de oportunidades”, até mesmo para “conciliar melhor” o trabalho com a vida familiar.
“É um conceito e queria experimentar esta possibilidade”, refere.
Em Vilamoura, o hotel Hilton, além da campanha para estadias de longa duração, tem igualmente, desde o final de agosto, o programa “home office”, que disponibiliza salas de trabalho individuais ou partilhadas que podem ser alugadas por pessoas que não estão alojadas no hotel.
Segundo contou à Lusa o diretor comercial da unidade, João Rosado, a ideia de lançar este novo serviço surgiu devido às dificuldades que a própria equipa do hotel sentiu quando teve de ficar em teletrabalho durante o confinamento.
Mediante pacotes de vários preços, é possível ter ‘coffee breaks’ personalizados, acesso ao ginásio e ao SPA do hotel ou até mesmo a um treino com um ‘personal trainer’, explica Sónia César, do departamento de grupos e eventos do hotel.