O ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, garantiu esta quinta-feira que Bruxelas decidiu sobre uma linha “de alto desempenho para mercadorias” e não há qualquer investimento atual em comboio de alta velocidade para passageiros.
Depois de fonte comunitária ter informado que a Comissão Europeia deveria hoje publicar uma decisão sobre a ligação por comboio de alta velocidade entre Évora e Mérida, Pedro Marques garantiu que o “projeto inicialmente pensado teria três linhas, duas delas estariam dedicadas à alta velocidade de passageiros e uma à ferrovia de mercadorias”, mas a “linha que está em implementação agora, desse projeto maior, é a ferrovia de mercadorias”.
“É uma linha evidentemente de alto desempenho, que tornará o país como competitivo, nomeadamente os nossos portos na ligação a Espanha e na ligação europeia e é uma linha muito importante e muito prioritária para o país e absolutamente consensual no nosso país”, acrescentou o ministro, à margem da margem da conferência sobre a rede de transporte transeuropeu, a decorrer na capital da Eslovénia, Liubliana.
Questionado sobre o que está em causa acerca de “alto desempenho”, o governante explicou que “se está a falar de linha nova, que tem um corredor e uma plataforma competitiva, que permitirá bons desempenhos e, sobretudo, permitirá diminuir significativamente o transporte desde os portos portugueses até Espanha, até Mérida ou até Madrid”.
Este “missing link” fazia com que os comboios desde os portos tivessem que ir até ao Entroncamento para descer para Espanha, recordou o ministro, sublinhando, assim, a importância do atual investimento para o “porto de Lisboa, porto de Setúbal e, em particular, do porto de Sines”.
Pedro Marques notou que este investimento está a avançar em articulação com Espanha e a União Europeia, repetindo que em causa está o investimento para a ferrovia de mercadorias.
“O que posso eventualmente compreender desse tipo de declarações [sobre comboio de alta velocidade] é que este projeto faz parte de um projeto mais global europeu dos corredores ‘core’, que inclui componente de mercadores e de alta velocidade de passageiros”, sublinhou.
Num encontro com jornalistas, à margem da conferência sobre transportes, fonte europeia precisou que Bruxelas deverá anunciar, através da rede social Twitter, os passos e as fases do calendário para a ligação em “comboio de alta velocidade” entre Évora e Mérida.
Depois da presença da comissária europeia dos Transportes em Portugal, para o lançamento do concurso para a ligação ferroviária entre Elvas e Caia, a Comissão Europeia tomou uma das medidas que consta da restrita lista das denominadas “implementing decision” (decisões de implementação), que “claramente estabelece como o projeto vai ser implementado nos próximos anos”, acrescentou a mesma fonte.
Esta manhã, a comissária Violeta Bulc tinha revelado o compromisso assumido por Lisboa e Madrid em resolverem a questão dos “missing links” (elos de ligação) nas vias ferroviárias.
Em conferência de imprensa, a responsável informou que acabava de sair de uma “reunião importante e especial com os ministros dos Transportes de França, Espanha e Portugal, que concordaram em avançar com os elos em falta [missing links] dos corredores e que, em especial, os corredores de mercadorias vão servir não apenas os países, mas as necessidades da União Europeia (UE)”.
Questionada sobre mais pormenores, a responsável lembrou a sua recente deslocação à fronteira entre Portugal e Espanha e referiu o acordo entre os países ibéricos assumindo que a “questão transfronteiriça iria ser resolvida”.
“Os ministros informaram que os trabalhos decorrem como previsto e que os elos em falta serão instalados. O que foram realmente boas notícias, especialmente depois de um período tão curto de tempo. Realmente importa quando os decisores se comprometem e os serviços podem agir”, concluiu.
À Lusa, Pedro Marques notou que o investimento na ferrovia de mercadorias “vai ser objeto da primeira decisão formal da Comissão Europeia das chamadas decisões de implementação”, validando assim a escolha feita e por ser um “projeto transnacional, de tanta importância no corredor Atlântico”.