Gestores da Caixa recebiam prémios “de forma avulsa”
A auditoria da EY, antes designada por Ernst & Young, aos atos de gestão da Caixa Geral de Depósitos revela que até 2008 não havia critérios para a remuneração variável dos gestores.
No documento, citado no domingo pela comentadora política Joana Amaral Dias e facultado pela própria ao jornal “Expresso”, é revelado que durante vários anos os administradores executivos do banco estatal tiveram remunerações variáveis sem critérios claros e recebiam prémios mesmo quando o banco tinha prejuízo. Trata-se de uma auditoria aos atos de gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD) entre 2000 e 2015.
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“Em particular no período 2000-2008 não foi obtida evidência dos princípios orientadores para a remuneração variável aplicada, concluindo-se que as decisões foram tomadas de forma avulsa”, lê-se no relatório, que aquele jornal diz ser uma versão preliminar da auditoria, datada de dezembro de 2017 e encomendada pelo secretário de Estado Adjunto e das Finanças em março desse ano.
A auditoria revela ainda que “a CGD não dispôs de uma política remuneratória” para a administração executiva até 2015 e que “as decisões de remuneração não continham elementos que contribuíssem para alinhar os incentivos dos gestores com o objetivo de longo prazo da instituição”.
Só em 2009 foi aplicado um princípio de diferimento de 50% da componente variável da remuneração, mas “não foi estabelecida qualquer condição entre o pagamento desta componente e a avaliação de desempenho dos administradores”.