Em entrevista ao Negócios, o ministro das Finanças volta a não se comprometer com um aumento (ou não) dos salários da Função Pública — até porque, diz Centeno, ele não é mais do que um “coordenador”.
O ministro das Finanças volta, em entrevista ao Negócios, a não se comprometer com um aumento (ou não) dos salários da Função Pública em 2019 — até porque, diz Mário Centeno, ele não é mais do que um “coordenador”. Essa decisão está ligada a fatores que “dependem muito menos coisas de mim do que estão a imaginar”, diz o ministro das Finanças.
“O papel do ministro das Finanças, felizmente, e em particular no contexto atual, é um papel de coordenador de um exercício hiperdescentralizado de execução orçamental, de milhares e milhares de entidades da Administração Pública”, afirma Mário Centeno, garantindo que um ministro das Finanças é um “agregador” das decisões e dos “equilíbrios” (palavra usada na entrevista à TSF publicada na terça-feira).
A minha função é perceber se os meios que temos disponíveis são dirigidos para onde o Governo e a Assembleia da República decidem que eles devem ser dirigidos. Há um conjunto muito grande de decisões que tem de ser agregado. O ministro das Finanças é o agregador dessas decisões todas e é responsabilidade dele – e é uma grande responsabilidade, acreditem – que elas todas batam certo de modo que o país possa cumprir todos os seus objetivos”.
Na entrevista ao Negócios, Mário Centeno não refuta a ideia de que alguma da folga de 2017 esteja a ser guardada para 2019 (ano de eleições), mas garante que o Governo não está “a rever os compromissos que [estão] no Orçamento de 2018”. “O que estava no Programa do Governo está rigorosamente a ser implementado e não houve outro período da história recente portuguesa em que isto tenha acontecido”, defende o ministro das Finanças.
A pouco mais de um ano de eleições, porém, e com os parceiros da maioria de esquerda a mostrarem-se cada vez mais disponíveis para publicitar as suas diferenças e os respetivos méritos, Mário Centeno deixa um aviso: “não há nenhuma capacidade de apropriação desses resultados que não seja coletiva, que não seja de todos os que estão associados a ela”.
Quanto às pensões, Centeno adiantou que, se todas as previsões económicas se confirmarem, estas serão atualizadas acima da taxa de inflação até 2022. Mas no que toca a aumentos extraordinários de pensões, o ministro das Finanças comenta que se esses aumentos forem “verdade todos os anos, deixavam de ser extraordinários”.