Videovigilância. Câmaras do Bairro Alto registaram 349 ocorrências, mas não convencem
Jornal i
O sistema de videovigilância do Bairro Alto está em vigor há mais de quatro anos, mas comerciantes garantem ao i que não puseram fim ao crime
A Polícia de Segurança Pública (PSP) divulgou ontem que o sistema de videovigilância (que funciona entre as 18h00 e as 7h00) registou 349 ocorrências desde 2014.
Mas as câmaras colocadas em locais estratégicos não têm contribuído para o sentimento de segurança. Ao i, um comerciante que preferiu não ser identificado diz-se mesmo surpreendido por terem sido tão poucos os registos: “Esperava que fossem mais casos”. E questiona mesmo a atuação das autoridades, lembrando a grande intensidade de tráfico de droga nas ruas do Bairro Alto, inclusive onde estão situadas estas câmaras.
A sua loja, de tatuagens – aberta há alguns anos e junto a uma câmara de vigilância – nunca sentiu qualquer benefício com o sistema de videovigilância.
Miguel Ferreira, outro comerciante, também não está convencido e critica a falta de polícias no terreno. O seu restaurante fica na zona de Santa Catarina e Miguel Ferreira continua a ver diariamente “situações desagradáveis”, tendo muitas vezes de chamar a polícia para as resolver.
Quando confrontado com as ocorrências registadas nos últimos anos, insistiu nas críticas – afirma, aliás, que se a PSP estivesse por lá “poderia registar 349 ocorrências por dia”.
Miguel Ferreira chega a telefonar todos os dias para a esquadra mais próxima, para solicitar a presença das autoridades e perdeu a conta do número de vezes em que ouviu dizer por parte das forças de segurança pública que não existem meios suficientes para controlar o índice de criminalidade.
O Bicaense Café é outro estabelecimento que sendo próximo do Bairro Alto também sofre com a falta de policiamento nas ruas e que o sistema de videovigilância devia ser alargado. O proprietário do espaço, Carlos Afonso, defende que existe um grave problema na Rua da Bica de Duarte Belo, onde está situado o café: os turistas ficam aglomerados em várias partes do dia, atraindo os criminosos.
Carlos considera que há necessidade de implementar câmaras na rua onde trabalha porque ser ele próprio a resolver as questões de ordem pública deixa-o inseguro. Conta ainda que vários comerciantes já se juntaram para fazer queixas, mas o problema continua.
John Borrego, dono de uma loja de roupa, também afirma que existem muitos problemas durante as horas do dia em que as câmaras estão desligadas. O lojista defende mesmo que as câmaras deveriam passar a vigiar a tempo inteiro.
Polícia faz balanço positivo da videovigilância A PSP avalia a implementação do sistema de videovigilância como positiva, visto que “tem permitido a identificação” de criminosos.
As forças de segurança garantem ainda que houve um aumento no patrulhamento e que esse foi um dos fatores que contribuíram para que se registasse uma diminuição total de crimes da cidade.
Também o vereador da Câmara Municipal de Lisboa para a Segurança, Miguel Gaspar, reforçou a importância destes sistemas, lembrando, em declarações à Lusa, “que a criminalidade, como um todo, tem vindo a baixar na cidade de Lisboa”.
A Câmara Municipal de Lisboa, em conjunto com o Ministério da Administração Interna, apresentou no passado mês o programa ‘Noite + Segura’, que pretende alargar o sistema de câmaras de videovigilância a outras partes da cidade de Lisboa. As zonas abrangidas vão desde o Cais do Sodré à frente ribeirinha do Tejo.
*Texto editado por Carlos Diogo Santos