Rede 8 de Março convoca greve feminista e apresenta manifesto contra desigualdade
O coletivo feminista convoca as mulheres a levantarem-se em "defesa dos seus direitos" e a "mobilizarem-se contra a violência, a desigualdade e os preconceitos".
A plataforma Rede 8 de Março convocou uma greve feminista para o Dia Internacional da Mulher e apresenta esta terça-feira em Vila Real um manifesto que diz basta às desigualdades, como as salariais ou no trabalho doméstico.
Este coletivo feminista integra várias associações, organizações políticas, sindicatos e pessoas a nível individual e convocou uma greve para 8 de março, dia em que se assinala o Dia Internacional da Mulher.
Esta terça-feira, em frente ao Tribunal de Vila Real vai ser apresentado o Manifesto 8M, que já foi aprovado pelos diversos núcleos grevistas já constituídos em Amarante, Aveiro, Braga, Coimbra, Covilhã, Évora, Fundão, São Miguel, Viseu, Lisboa, Porto e Vila Real.
Consideramos que é muito importante a comparência das pessoas para que Vila Real fique no mapa desta que vai ser uma grande demonstração da força e união das mulheres em Portugal”, disse à agência Lusa Mariana Falcato, que integra a Rede 8 de Março.
A plataforma feminista convoca as mulheres a levantarem-se em “defesa dos seus direitos” e a “mobilizarem-se contra a violência, a desigualdade e os preconceitos”, fazendo greve ao “trabalho assalariado, ao trabalho doméstico e à prestação de cuidados, ao consumo de bens e serviços e greve estudantil”.
O Manifesto 8M diz basta às desigualdades no trabalho assalariado e salienta que a “desigualdade salarial com base no género está presente em todo o lado, nas empresas e instituições privadas e públicas”.
De acordo com os dados divulgados no documento, a diferença salarial é, em média, de 15.8%, ou seja, para trabalho igual ou equivalente os salários das mulheres são inferiores, o que faz com que trabalhem 58 dias por ano sem receber.
Para além do trabalho assalariado, muitas mulheres têm de desempenhar diversas tarefas domésticas e de prestação de cuidados e assistência à família.
“Este trabalho gratuito, desvalorizado e invisibilizado ocupa-nos, em média, uma hora e 45 minutos por dia, o que corresponde, durante um ano, a três meses de trabalho”, refere o manifesto.
A plataforma reclama o reconhecimento do valor social do trabalho doméstico e dos cuidados e a partilha da responsabilidade na sua prestação, defende que seja considerado no cálculo das reformas e pensões e ainda exige o reconhecimento do estatuto do cuidador.
Diz ainda basta às “reproduções das desigualdades e do preconceito nas escolas” e reivindica uma escola “da diversidade, da crítica, sem lugar para preconceitos (..), uma escola livre de agressões machistas e lesbitransfóbicas, dentro e fora das salas de aula, uma escola empenhada na educação sexual inclusiva como resposta ao conservadorismo”.
O documento aborda ainda a “difusão da cultura machista” nos media, publicidade e moda e recusa a mulher como “mercadoria” e a “exploração do corpo e das identidades”, bem como as questões ambientais, a perseguição às pessoas migrantes e as guerras que originaram milhões de refugiados, entre os quais muitas mulheres e crianças.
Segundo o Manifesto 8M, em Portugal são mortas duas mulheres a cada mês. As mulheres são também 80% das vítimas de violência doméstica e 90.7% das vítimas de crimes sexuais.
Para o dia 8, já apresentaram pré-aviso de greve o Sindicato das Indústrias, Energia e Águas de Portugal e o Sindicato Nacional do Ensino Superior e estão a decorrer, segundo Mariana Falcato, conversações com o Sindicato dos Trabalhadores de Call Center e o Sindicato de Todos os Professores (Stop).