Mais de 40 incêndios em todo o país. Fogo de Monchique agravou-se e ficou descontrolado durante a tarde
Ao final da tarde de sábado, registavam-se já mais de 40 incêndios em Portugal. Em Monchique, há um fogo que lavra há mais de 24 horas e que se agravou esta tarde. Fogos em Santarém geram preocupação.
Às 19h45 deste sábado, mais de 1.900 bombeiros e outros profissionais combatiam 41 incêndios em Portugal, apoiados por mais de 500 veículos e por mais de 15 aviões e helicópteros. O número tem evoluído quase ao minuto, devido à necessidade de gestão e descanso das equipas de bombeiros e ao surgimento de novos focos de incêndio. Dos 41 fogos, 23 estavam em fase de conclusão, cinco em fase de resolução e 13 em curso, mas todos são ainda “ocorrências em aberto”, considera a Proteção Civil.
O incêndio que deflagrou na sexta-feira, dia 4 de agosto, na localidade Perna da Negra, em Monchique, continua a ser o mais alarmante. Depois de no primeiro dia de combate às chamas terem sido evacuadas duas aldeias como “medida preventiva”, Taipas e Foz do Carvalhoso, o incêndio mantém-se com duas frentes ativas. Até à tarde de sábado, o incêndio na serra de Monchique já tinha queimado mais de mil hectares e estava a ser combatido por mais de 700 pessoas, 190 veículos e oito meios aéreos.
Já ao final da tarde, a aldeia de Altura das Corchas foi evacuada “por precaução”, disse ao Observador o presidente da Câmara Municipal de Monchique, Rui André.
Nas redes sociais, multiplicam-se as imagens que mostram a dimensão do incêndio. Os bombeiros estão a ter dificuldades para responder à propagação do incêndio nas últimas horas, motivada pelas condições meteorólogicas, com temperaturas acima dos 40º e muito vento. As condições demográficas também não ajudam ao combate às chamas, já que alguns dos locais afetados pelo incêndio são de difícil acesso aos bombeiros e aos veículos terrestres.
Ao longo da tarde, a Proteção Civil retirou algumas pessoas das suas casas, por precaução. Antes, à hora de almoço, o comandante distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Faro, Vaz Pinto, tinha previsto a possibilidade de agravamento do incêndio, face a um eventual “aumento da intensidade do vento”. Um aumento que se verificou. Não há registo de habitações destruídas. Segundo a Proteção Civil, apenas “infraestruturas de apoio agrícola” (isto é, barracões agrícolas) sofreram danos.
No concelho, foi ativado o Plano Municipal de Emergência. Ao Observador, o comandante Abel Gomes, do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Faro, explicou na sexta-feira que as dificuldades no combate ao incêndio deviam-se ao facto de este se estar “a desenvolver numa zona demográfica muito difícil” e ao vento estar “a dificultar a ação dos operacionais”. Já o presidente da câmara municipal da localidade, Rui André, garantiu que o fogo estava a lavrar “em áreas de mato”, não havendo habitações em risco. Oito bombeiros e um trabalhador florestal ficaram com ferimentos ligeiros devido ao cansaço e inalação de fumos na sexta-feira, o primeiro de combate ao incêndio.
Santarém com nove incêndios e mais de 500 bombeiros
Santarém é outro dos distritos mais afetados pelos incêndios. Ao final da tarde deste sábado, sete aviões e helicópteros e mais de 500 pessoas e 150 veículos combatiam nove incêndios no distritos. Quatro dos quais mantêm-se difíceis de dominar. Um desses quatro incêndios, que lavra na freguesia de Samora Correia, concelho de Benavente, chegou mesmo a aproximar-se perigosamente da Estrada Nacional 118, obrigando ao corte da estrada. Isto apesar de estar a ser combatido por mais de 100 bombeiros, apoiados por dois meios aéreos e 32 veículos de transporte. Em três freguesias de Santarém, Arrouquelas, Alcanede e Romeira e Várzea, estão ainda ativos três incêndios, que estão a ser combatidos por mais de 350 elementos da Proteção Civil.
Mais a sul, em Monte da Pedra, concelho do Crato, distrito de Portalegre estavam a combater as chamas, iniciadas às 16:29, 106 homens, 26 viaturas e um meio aéreo.
Mais de 30 concelhos em risco máximo de incêndio
Mais de 30 concelhos de Portugal continental estão este sábado em risco máximo de incêndio, sobretudo no Algarve e no interior Norte e Centro do país, segundo informação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
No Algarve estão com risco máximo de incêndio os concelhos de Monchique, Odemira, Portimão, Silves, Loulé, São Brás de Alportel, Tavira, Castro Marim e Alcoutim. Já no interior Norte e Centro estão colocados em risco máximo de incêndio os concelhos de Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa, Mêda, Trancoso, Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel, Celorico da Beira, Guarda, Sabugal, Penamacor, Fornos de Algodres, Gouveia, Seia, Manteigas, Covilhã, Arganil, Pampilhosa da Serra, Oleiros, Proença-a-Nova, Vila Velha de Rodão, Nisa, Marvão, Gavião, Abrantes, Ferreira do Zêzere, Vila de Rei, Vila Nova da Barquinha.
O risco de incêndio determinado pelo IPMA engloba cinco níveis, que podem variar entre o “reduzido” e o “máximo”.
O cálculo é feito com base nos valores observados às 13h00 em cada dia relativamente à temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas.
Num documento publicado em maio, uma equipa Centro de Estudos Florestais (CEF), do Instituto Superior de Agronomia (ISA) tinha identificado os 20 concelhos com maior risco de incêndios este verão. Entre eles estava Monchique.