Amante de Rosa Grilo admite envolvimento da viúva na morte do triatleta. “Não sei como ela me tirou a arma”
António Félix Joaquim garantiu no interrogatório que se a sua amante usou a arma foi sem que ele soubesse. E quebrou no fim, ao dizer: "Como as coisas têm acontecido tem de ter algum envolvimento".
Na primeira vez que foi interrogado, António Félix Joaquim, amante de Rosa Grilo, disse que não sabe de nada sobre o crime nem sobre os angolanos que ameaçavam a amante. Segundo a notícia avançada pelo Correio da Manhã, na edição desta terça-feira, se Rosa Grilo usou a arma, o amante garantiu que foi sem que ele soubesse.
Em tribunal, António Joaquim apresentou-se calmo. Disse que mantinha uma relação amorosa com Rosa Grilo há quatro anos e que Luís Grilo, o triatleta assassinado, não sabia da relação. No dia 16 de julho, dia em que Rosa Grilo garante que o seu marido foi morto, António Joaquim disse que os dois amantes tinham combinado encontrar-se. Primeiro, Rosa disse que não podia; só mais tarde é que acabaram por se ver e foi aí que Rosa lhe disse que “o Luís tinha desaparecido”, declarou António Joaquim.
Segundo o funcionário judicial, Rosa — agora em prisão preventiva — “parecia abalada”, acrescentando: “Eu sempre pensei que o Luís tinha sido atropelado”. De facto, depois do desaparecimento de Luís Grilo, o casal acabou por intensificar o contacto. “Passei a dormir lá para a apoiar poque ela ficou sem o marido. Estava muito abalada”, justificou o arguido.
No que diz respeito à arma, António disse que a pistola que a PJ admite ter sido usada para matar Luís Grilo estava em sua casa, mas não sabe nem como é que Rosa lha tirou nem quantas balas tinha em casa. Admitiu logo a seguir que, se o crime foi cometido por Rosa, “foi tudo sem que soubesse”. António disse também que sabia manusear armas, mas não conseguiu explicar se faltavam ou não invólucros da pistola que a PJ apreendeu. Os exames, contudo, foram inconclusivos.
Foi no final do interrogatório que António admitiu que a amante estivesse envolvida, apesar de ter acreditado na sua inocência durante mais de um mês.
Pensei é que não tivesse nada a ver. Como as coisas têm acontecido tem de ter algum envolvimento”.
Ao saber que pode ficar em prisão preventiva, António pediu ainda em tribunal para não ir para a cadeia comum. “Só lhe peço que não me mandem para uma cadeia comum. Nunca conseguiria sobreviver”, disse o arguido à juíza, afirmando que tem a certeza de que o seu estatuto de oficial de justiça lhe permite isso.
Questionado sobre o que fez no dia 15 de julho, dia em que as autoridades garantem ter sido cometido o homicídio de Luís Grilo, António afirmou que não se lembrava, mas, segundo avança o jornal, já pediu para ser interrogado novamente para tentar explicar que nesse dia tinha consigo os filhos.
António Félix Joaquim incorre também na pena máxima, por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Encontra-se agora no estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária, em Lisboa, estando numa cela individual.