Agressões na GNR: como é o curso de formação para entrar na Guarda
Nove meses de teoria e prática. Alistados só são guardas se chegarem ao fim para fazer "compromisso de honra".
Cerca de 590 guardas provisórios terminam, no próximo dia 14, o 40.º curso de formação, em Portalegre, tornando-se militares da GNR. Irão completar os lugares deixados vagos pelos militares que, entretanto, vão integrar os Grupos de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) e os postos da Guarda espalhados por todo o país.
Para se candidatarem ao curso, os futuros guardas tiveram de passar por provas escritas, físicas e psicológicas e reunir um conjunto de requisitos como, por exemplo, ter nacionalidade portuguesa, entre 18 e 26 anos, reconhecida aptidão física e psíquica e o 12.º ano de escolaridade. Não podem estar inibidos do exercício de funções públicas ou interditos para o exercício das funções a que se candidatam.
Depois de admitidos no curso, todos eles, mulheres e homens, passaram nove meses, num total de 1400 horas, por uma componente formativa bastante vasta, com provas teóricas e práticas que, se lograrem aprovação, culminarão no “compromisso de honra”.
Só que, entre 1 de outubro e 9 de novembro, alguns alistados “sofreram lesões de vários tipos durante a prova de “bastão extensível”, sendo que um número considerável esteve de baixa médica, não tendo realizado os testes escritos e a prova de aptidão física, de forma a fazer o compromisso de honra”, referiu uma fonte ao JN.
Manual do bastão
No módulo técnico está previsto o curso “bastão extensível”, em que os alistados, com bastão de PVC revestido a esponja ou borracha, têm de, em dois minutos, tentar dominar o adversário (“Red Man”) ou “homem mau”, representado por um instrutor.
No manual com o mesmo nome, é referido que o bastão extensível “deve ser utilizado exclusivamente para deter e/ou controlar o adversário e nunca para o dispersar”. “As mesmas características que o tornam uma ferramenta de grande utilidade e valor podem, em caso de mau manuseamento, provocar lesões graves ao adversário”, acrescenta.
Partindo da classificação de referência do corpo humano em três tipos de zonas alvo (verde, amarelas e vermelhas), a utilização do bastão extensível “deve privilegiar a atuação sobre as zonas verdes (grandes zonas musculares), em termos de utilização de técnicas de impacto, e zonas amarelas (articulações), no que concerne a técnicas de controlo e imobilização”.
“A utilização de técnicas de impacto e/ou controlo ao pescoço devem ser evitadas, uma vez que podem causar lesões graves ao adversário”, refere o mesmo manual.