Partículas de poluição atmosférica encontradas na placenta de grávidas
Um grupo de cientistas conseguiu provar pela primeira vez que as partículas de poluição presentes no ar conseguem viajar através dos pulmões das grávidas e alojar-se na placenta.
O ar contaminado com partículas tóxicas está fortemente relacionado com lesões provocadas no feto. Contudo, a forma como isso acontecia era, ainda, desconhecida. Um novo estudo, que envolveu mães britânicas, demonstrou a presença de partículas de fuligem – uma substância que resulta da decomposição do combustível – na placenta dos bebés.
“É uma situação muito preocupante. Há uma associação clara entre o ar que a mãe respeita e o efeito que ele pode provocar no feto”, disse, ao “The Guardian”, Lisa Miyashita, da Universidade Queen Mary, de Londres. “É aconselhável que uma mulher grávida, sempre que seja possível, se afaste de estradas movimentadas”, explicou a especialista.
Vários estudos já realizados demonstraram que a poluição aumenta o risco de nascimentos prematuros. Um trabalho realizado no final de 2017, envolvendo mais de 500 mil mulheres, demonstrou que as implicações da poluição nas grandes cidades para as grávidas é quase uma “catástrofe de saúde pública”.
Neste novo estudo, foi examinada a placenta de cinco mulheres não fumadoras que deram à luz bebés saudáveis. Através de um microscópio avançado, os especialistas encontraram 72 partículas negras, muito semelhantes às presente nos macrófagos dos pulmões. A principal função dos macrófagos é realizar a fagocitose, que consiste na destruição das células danificadas e envelhecidas.
“Ainda não sabemos se as partículas que encontramos podem chegar ao feto, mas tudo indica que sim”, explicou Norrice Liu, uma das investigadoras que participou na investigação.