Redoine Faid começou a carreira de ladrão em 1990, acabadinho de fazer 18 anos, com um ataque a uma agência bancária. Uma predileção deste bandido reincidente, também, nas fugas da cadeia.
Atingida a maioridade com a entrada no mundo do crime, Redoine que se revê em filmes de gangsters norte-americanos como “Scarface” ou “Heat”, multiplica as ações e os métodos criminosos. Nos oito anos que se seguem, é implicado em vários roubos violentos, nomeadamente a carrinhas de transporte de valores. Sem olhar a meios, faz jus à autoimagem de bandido em algumas ações com reféns.
A 28 de dezembro de 1998, é preso em Paris. Uma prenda de Natal atrasada para a Justiça francesa, que o condena a 31 anos de prisão, por vários crimes, incluindo violência agravada, sequestro, tentativa de assalto à mão armada e organização criminosa.
Redoine beneficia de uma redução de pena e volta à vida civil a 30 de março de 2009. Arranja um emprego, tenta reabilitar-se, mas 11 anos de prisão depois instinto de ladrão continua ativo. A 20 de maio, menos de dois meses depois de ter saído da cadeia, é suspeito de participar num ataque a uma carrinha de valores em Créteil.
O golpe falha e os bandidos são perseguidos pela polícia. Uma perseguição à moda da América fílmica querida de Redoine, com tiros de parte a parte. Dois condutores alheios à fuga ficam feridos na troca de balas.
É em Villiers-sur-Marne (Val-de-Marne) que Redoine mancha as mãos de sangue. Os fugitivos disparam sobre a polícia e matam um agente, Aurélie Fouquet, de 26 anos, e ferem o companheiro de equipa. Os criminosos desaparecem do radar, mas a polícia está convicta que Redoine Faid é o principal mentor do ataque.
Em janeiro de 2011, os principais suspeitos do tiroteio de maio de 2010 são presos e indiciados. Faid escapa, mas não por muito tempo. Seis meses depois, a 28 de junho de 2011, é preso. É sentenciado pelo Tribunal de Justiça de Paris a 25 anos de prisão, a 14 de abril de 2018.
Artista das fugas
Era esta pena que Redoine estava a cumprir, quando voou, literalmente, da prisão, este domingo. Mais um episódio dramático na vida de um bandido com gosto para dar lustro ao próprio ego.
A fuga foi espetacular, vistosa, mas não é a primeira no currículo de Redoine, que se estreou nas artes do escapismo prisional em 1997, ainda antes da primeira grande condenação, que viria em 1998. Aprendiz de fugitivo, passa por Suíça e Israel na vã tentativa de escapar à malha da polícia francesa.
A 13 de abril de 2013, volta a escapar. Desta vez, com estrondo. Detido na prisão de Sequedin, no norte de França, Redoine Faïd faz cinco reféns, com uma arma. Depois, usa explosivos para rebentar com a porta principal da cadeia e junta-se aos cúmplices, que o esperam num carro que lhe permite escapar. O veículo é queimado antes de ser abandonado e o último refém é libertado.
Após um mês e meio em fuga, o fugitivo, que se tornou o inimigo público número 1 de França, é capturado a 29 de maio de 2013, em um hotel de Pontault-Combault, em Seine-et-Marne.
Amante de cinema a fazer figura no pequeno ecrã
Redoine Faid não é apenas um ladrão com tendência para as fugas, cada vez mais elaboradas. Amante do cinema, deixou-se seduzir pelo pequeno ecrã, em 2010, ano farto de peripécias. Publicou um livro sobre a vida de delinquente, escrito a meias com o jornalista Jerome Pierrat. À boleia da escrita, botou figura em vários programas de televisão, falando livre e abertamente da carreira e da vida como bandido.
Em 2011, aparece num documentário sobre o banditismo, “Caïds des cités”, transmitido no programa “Investigações Especiais”. Fala abertamente do passado como delinquente, pouco antes de ser detido pelos crimes de maio de 2010, no ano em que aparecera na televisão a perorar sobre o livro que escreveu durante os primeiros 10 anos de cadeia.