Horticultor desempregado responde a Macron: “Está no mundo dos ursinhos carinhosos”
Homem que foi aconselhado por Macron a "atravessar a rua" e procurar trabalho num café diz que se levanta todos os dias às seis da manhã para o fazer e desafia Presidente francês a acompanhá-lo na busca
Um dia depois de o presidente francês ter gerado uma onda de críticas da oposição e dos sindicatos, por dizer a um jovem horticultor desempregado, que o interpelou em Paris, que lhe bastaria “atravessar a rua” e bater à porta de um dos muitos cafés e restaurantes da cidade, para lhe arranjar um trabalho, o Nouvel Observateur entrevistou o visado pela tirada de Emmanuel Macron. E as palavras deste não foram simpáticas para o inquilino do Palácio do Eliseu.
“O que ele me disse não é normal”, desabafou Jonathan Jahan, o protagonista do duelo com o presidente. “Ficou-me um pouco atravessado na garganta, porque tinha vontade de lhe dizer: “Então venha comigo procurar”.
Jahan contou que se levanta todos os dias “às seis da manhã” para procurar emprego, e que já enviou um sem número de currículos, para os quais recebe invariavelmente cartas de recusa.
Acrescentou que até já fez o que o Presidente lhe recomendara – mudar de ramo -, sem que isso lhe trouxesse estabilidade profissional. “Já trabalhei em restaurantes, a lavar a loiça”, contou.
Por isso, acusou Macron de viver “fora da realidade”, sem conhecer os problemas da população. “Ele ainda está no mundo dos ursinhos carinhosos. É o Presidente mas não se ocupa das pessoas que estão no desemprego”, criticou.