Cocaína no rio Tamisa causa hiperatividade nas enguias
O consumo de cocaína pelos londrinos está a aumentar e a afetar as enguias no rio Tamisa, segundo os cientistas.
Uma pesquisa feita por uma equipa do King’s College, em Londres, concluiu que os londrinos estão a consumir cocaína regularmente, e não apenas em ocasiões esporádicas, e que isso está a afetar o rio Tamisa.
O estudo foi realizado a partir de uma estação de monitorização perto das Casas do Parlamento, para avaliar como o uso crescente de cocaína está a contaminar o rio Tamisa. As estações de tratamento de água da cidade não conseguem filtrar a urina dos consumidores, que vai diretamente para os cursos de água.
Os peixes e outros seres vivos que vivem nos rios e canais da cidade estão a ingerir pequenas quantidades de cocaína e, em particular, as enguias, estão a ficar hiperativas.
O estudo foi divulgado juntamente com um relatório publicado pela Universidade de Nápoles Federico II. Neste caso, foram colocadas enguias em água com uma pequena dose de cocaína e verificou-se que o peixe “parecia hiperativo” em comparação com enguias mantidas em águas sem substâncias.
Os investigadores de Nápoles descobriram que a droga acumulou-se no cérebro, músculos, pele e outros tecidos das enguias expostas à cocaína. Verificaram-se evidências de ferimentos graves, incluindo colapso e inchaço, que ainda não tinham cicatrizado 10 dias depois de serem removidas da água contaminada.
Os investigadores do King’s College de Londres dizem que na origem do problema está na quantidade de consumidores de cocaína na capital britânica. “Londres é conhecida como uma das maiores consumidoras de cocaína e isso sugere o uso diário”. Acrescentam ainda que a concentração de cocaína encontrada no rio Tamisa é tão alta que “fica fora da faixa quantificável”.
Não foi apenas cocaína que fez com que as enguias ficassem hiperativas, os cientistas também encontraram vestígios de cafeína. “Os aumentos de cafeína e cocaína foram observados 24 horas após os eventos de transbordamento de esgoto”, explicaram. “A concentração de cocaína permaneceu alta nas águas residuais ao longo da semana, com apenas um pequeno aumento no fim de semana”, acrescentaram.
Um estudo da agência de monitorização de drogas da União Europeia sugere que a Inglaterra e o País de Gales têm o maior número de jovens consumidores de cocaína na Europa. Cerca de 600 mil jovens entre 16 a 34 anos consumiram cocaína no ultimo ano, cerca de 4% da faixa etária. Estima-se que cerca de 80 mil linhas de cocaína acabam no rio Tamisa todos os dias através do sistema de esgoto.