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Cientistas contradizem OMS e falam em provas esclarecedoras da transmissão aérea do vírus

Grupo de cientistas, em artigo na revista Science, e Centro de controlo de doenças dos EUA concluem que o vírus pode permanecer a flutuar no ar durante algum tempo

Um grupo de cientistas publicou um artigo na revista Science a afirmar que existem “evidências contundentes de que a inalação do vírus SARS-CoV-2 é a principal via de transmissão do COVID-19”, ou seja, que o vírus é transmitido por via aérea.

Os autores, liderados por Kimberly Prather, da Universidade da Califórnia, de San Diego, argumentam que “a precaução deve ser direcionada para a proteção contra a transmissão aérea” e as recomendações das autoridades de saúde devem ser modificadas: “Além das obrigações do uso de máscara, distância social e higiene – que devem ser mantidas – instamos as autoridades públicas a adicionar recomendações claras sobre a importância de levar atividades para as ruas, melhorando a qualidade do ar dentro de casa por meio de ventilação e filtração, e para melhorar a proteção de trabalhadores de alto risco.”

Por fim, os autores do artigo, citado pelo jornal espanhol ABC, sublinharam a “necessidade urgente de harmonizar as discussões em torno dos modos de transmissão do vírus para garantir que estratégias de controlo mais eficazes e um guia claro e coerente para o público”.

Centro de controlo de doenças americano publicou novas recomendações

No mesmo dia, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos atualizou esta segunda-feira as suas orientações, frisando que a covid-19 pode ser transmitido por transmissão aérea.

Ou seja, algumas infeções podem ser transmitidas pela exposição ao vírus em pequenas gotículas e partículas, ou aerossóis, que podem permanecer no ar durante minutos ou até horas.

A atualização desta segunda-feira reconhece relatórios publicados que mostraram circunstâncias “limitadas e pouco comuns” em que pessoas com covid-19 infetaram outras que estavam a mais de dois metros de distância.

Nesses casos, o CDC diz que as transmissões ocorreram em espaços fechados e mal ventilados e que muitas vezes envolviam atividades que causavam uma respiração mais pesada, como cantar ou fazer exercícios físicos.

Tanto a carta como as recomendações do CDC contradizem a versão da Organização Mundial de Saúde (OMS), que afirma que o vírus é transmitido “principalmente por gotículas de saliva ou secreções (…) de tosses e espirros”, dizendo ainda que em relação aos aerossóis é necessária mais “evidência científica”.

Diferença entre partículas projetadas e as que flutuam no ar

A OMS destaca a transmissão do vírus que ocorre a curta distância, por meio de gotículas ou as chamadas partículas balísticas, grandes esferas de saliva e muco nasal, carregadas de vírus, que são expelidos por tosse e espirro como verdadeiros projéteis e que podem infetar outras pessoas se atingirem a boca, nariz ou os olhos. Isso não é considerado transmissão aérea e implica que é essencial manter distância e usar máscara para evitar o contágio.

Por outro lado, os defensores da transmissão aérea apresentam evidências de que o vírus também se espalha por intermédio de pequenas partículas que se comportam como aerossóis. Os aerossóis, ao contrário das gotículas, não são lançados como projéteis, mas são expelidos ao falar, respirar, tossir e espirrar e mantêm-se a flutuar no ar. Estas partículas transmitem o vírus quando inalados, não por impacto. Por isso, neste caso, ganha peso a necessidade de ventilar espaços fechados e evitá-los ao máximo, embora o uso de máscara bem ajustada ainda seja imprescindível para evitar a expulsão ou inalação de aerossóis.

Origem
DN.pt
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