Boris Johnson volta a desafiar oposição a viabilizar eleições antecipadas no Reino Unido
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, vai desafiar hoje pela terceira vez os partidos da oposição a viabilizarem eleições legislativas antecipadas, desta vez a 12 de dezembro, alegando que o país está "refém" do parlamento.
Bloqueada duas vezes em setembro, a proposta foi anunciada na semana passada pelo primeiro-ministro perante a iminência de mais um adiamento do ‘Brexit’, previsto para quinta-feira.
A União Europeia ainda não respondeu oficialmente, mas várias fontes indicaram que será oferecido um prolongamento do processo para possibilitar a ratificação de um acordo que permita uma saída ordenada do Reino Unido da UE.
Boris Johnson foi obrigado por uma lei a pedir um adiamento de três meses, até 31 de janeiro, o qual poderá ser necessário porque, embora tenha conseguido na terça-feira uma votação favorável da legislação para o ‘Brexit’ na generalidade, o calendário para concluir a aprovação em três dias foi chumbado.
“O que me preocupa é que este Parlamento desperdice os próximos três meses como desperdiçou os últimos três anos. O Parlamento não pode manter o país como refém por mais tempo”, afirmou, num comunicado emitido no fim de semana.
De acordo com a legislação em vigor, as eleições legislativas só podem ser antecipadas com o consentimento de dois terços dos deputados (434), pelo que Boris Johnson precisa de convencer perto de 150 parlamentares da oposição.
Em termos práticos, isto significa que é preciso o apoio do Partido Trabalhista, mas o líder, Jeremy Corbyn, mantém ser necessária uma garantia de que o Reino Unido não pode sair da UE sem um acordo.
Para persuadir a oposição a aceitar eleições em 12 de dezembro, o governo aceita submeter de novo a legislação para o ‘Brexit’ que suspendeu na semana passada, mas com a condição de o parlamento concluir o processo de aprovação até ao dia da dissolução do parlamento, a 06 de novembro.
Os segundo e terceiro maiores partidos da oposição, os Liberais Democratas e os nacionalistas escoceses (SNP), manifestaram-se abertos a eleições antecipadas, mas antes, a 09 de dezembro.
A antiga deputada conservadora Heidi Allen, atual Liberal Democrata, salientou, em declarações à Sky News, que eleições a 12 de dezembro impediria muitos estudantes universitários de votarem porque entram de férias no início da mesma semana.
Políticos e analistas apontaram para mais problemas de eventuais eleições em dezembro, como a possibilidade de mau tempo e a eventualidade de o anoitecer mais cedo dificultar a campanha e contribuir para a abstenção.
Outros obstáculos referidos foram a proximidade do Natal, que sobrecarrega os serviços postais, comprometendo os votos por correspondência, e cujas festividades ocupam locais, como escolas e salões de igreja, normalmente usados para instalar as mesas de voto.