Ativista do QAnon, que defendia que Covid-19 era fraude, morre da doença
Veronica Wolski estava internada nos cuidados intensivos e, na última semana, grupo de negacionistas tentou que lhe fosse dada alta.
Uma negacionista norte-americana, que se tornou conhecida no país por causa da sua associação ao QAnon, morreu na segunda-feira, num hospital de Chicago, com uma pneumonia causada pela Covid-19. Veronica Wolski tinha 64 anos de idade e um historial de hipotireoidismo, explicou, no mesmo dia, um responsável de saúde local, de acordo com o Chicago Tribune.
A mulher ganhou notoriedade, primeiramente, em 2016, por causa do seu apoio incondicional a Bernie Sanders, descrevendo Donald Trump, na altura, como “um idiota”.
Porém, acabou por mudar de ideias, tornando-se uma apoiante de Trump e do movimento conspiracionista QAnon. Defendia que a Covid-19 era uma fraude e passou a surgir em manifestações negacionistas.
Wolski estava internada nos cuidados intensivos do Amita Health Resurrection Medical Center e, durante mais de uma semana, os seus apoiantes concentraram-se no local para exigir que Veronica fosse tratada com Ivermectina, um medicamento que é indicado por alguns movimentos como uma cura para a Covid-19, mas que é desaconselhado pelas autoridades de Saúde.
A Ivermectina, sublinhe-se, é comummente usado para tratar animais que sofrem de dirofilariose e que são afetados por parasitas internos e externos.
Na semana passada, o hospital anunciou que nenhum dos seus profissionais usaria o medicamento num caso de Covid-19, seguindo as recomendações do regulador de Saúde.
No fim de semana, os seus apoiantes tentaram que o hospital lhe desse alta, utilizando a figura do tutor legal, uma vez que Veronica estava em coma. “Se não lhe deram alta, serão responsáveis por homicídio”, indicou o advogado da mulher, por telefone, ao hospital.
A família de Veronica recusou falar com a comunicação social local.
A QAnon, sublinhe-se, é uma teoria da conspiração da extrema-direita centrada na crença infundada de que Donald Trump está a fazer uma campanha secreta contra os inimigos de um alegado “Estado profundo” (“Deep State”) e contra um círculo de tráfico sexual infantil dirigido por pedófilos e canibais satânicos – onde incluem líderes políticos e celebridades.
Leia Também: ‘Xamã do QAnon’ dá-se como culpado de um crime no ataque ao Capitólio