Conhece o lado negro de Walt Disney?
A empresa Walt Disney Studios fez ontem 65 anos. Mas o que se conhece sobre o criador do Mickey? Para além do lado mais divertido e bem-disposto que apresentava em público, existe um lado mais sombrio de Walt Disney.
Nascido em 1901, em Chicago (EUA), são vários os relatos que dão conta de uma infância difícil, principalmente com o pai. Muitos dos seus filmes falam sobre relações familiares complicadas, como ‘As Aventuras de Peter Pan’ e ‘Mary Poppins’.
Com cerca de 20 anos, arriscou entrar no mundo da animação, criando o estúdio Laugh-O-Grams. O que começou por ser uma empresa com algum sucesso – o que levou Walt a contratar vários animados – acabou com uma falência, em 1923, e várias pessoas ficaram desempregadas.
Há quem diga que o criador dos desenhos animados começou a beber e a fumar muito antes do nascimento da primeira filha – aparentemente, a sua mulher, Lilian, estava a ter dificuldades em engravidar.
De acordo com o livro ‘Walt Disney: The Triumph of the American Imagination’, Walt tratava muito mal os seus empregados – isto incluía até o seu irmão Roy, que tratava da parte financeira da empresa. Testemunhos dizem que, durante uma reunião para discutirem o filme ‘Fantasia’, Roy chegou a sugerir incluírem música pop. Walt reagiu mal, expulsando-o da reunião e dizendo “Volta lá para baixo para os livros!”
O livro diz que quando os seus trabalhadores tentaram formar um sindicato, Walt Disney contratou seguranças armados. Despediu os mentores desta ideia e diminuiu salários. Num episódio em concreto, quando os seus trabalhadores ameaçaram avançar com uma greve, o criador do Donald e do Pateta teve de ser agarrado por outras pessoas para não bater nos homens que estavam a organizar o protesto.
A obra (https://www.theguardian.com/world/2006/nov/26/film.usa ) diz ainda que o mau feitio de Disney não estava apenas relacionado com o trabalho e os seus funcionários, assumindo uma postura violenta contra comunistas e pessoas mais ligadas à Esquerda. Chegou mesmo a contactar o FBI a denunciar “infiltrados” do partido comunista.
“Walt Disney é apenas um conceito”
Disney chegou a um estado em que já não sabia quem era – a animação e o seu estúdio tomavam conta da sua vida.
“Já não sou Walt Disney. Walt Disney é apenas um conceito. Começou a crescer e transformou-se em algo muito maior do que apenas um homem” terá dito.
De acordo com o livro ‘Walt Disney: The Triumph of the American Imagination’, lançado em 2006, Walt começou a ignorar a mulher e as duas filhas – o autor da obra Neal Gabler, que teve acesso a muita documentação da família Disney, diz que o criador de Mickey e Minnie refugiava-se na sua mansão e brincava com um comboio que tinha em casa, que percorria uma longa linha de ferro montada ao longo de várias divisões.
Disney também era influenciado por muitos dos preconceitos que existiam na altura: associou-se a grupos antissemitas e não gostava da ideia de contratar afro-americanos para trabalharem na Disneyland.