PJ fez buscas na SAD do Sporting e deteve quatro suspeitos, um deles o braço direito de Bruno de Carvalho. Em causa está o alegado pagamento a jogadores adversários
O Sporting está a ser investigado por suspeitas de um alegado esquema de corrupção no andebol mas também no futebol profissional, o denominado caso CashBall. Nesse sentido foram realizadas ontem buscas na SAD do clube. Segundo o JN, a Polícia Judiciária (PJ) está a investigar os jogos desta temporada que os leões realizaram contra V. Guimarães, Feirense, Desp. Chaves, Tondela, Desp. Aves e Estoril, havendo suspeitas de que alguns jogadores dessas equipas tenham sido pagos para facilitar as vitórias dos leões.
As buscas à SAD leonina, em Alvalade, iniciaram-se ontem, cerca das 09.00, tendo as autoridades detido quatro pessoas, por suspeita de corrupção ativa, que foram transportadas para o Porto, onde foram ouvidas na instalações da PJ (até à hora do fecho desta edição não eram conhecidas as medidas de coação). Um deles é André Geraldes, team manager dos leões e braço direito do presidente Bruno de Carvalho para o futebol, que alegadamente seria o mentor de todo o esquema. Os outros suspeitos são Gonçalo Rodrigues, responsável pelo Gabinete de Apoio ao Atleta e às Modalidades Profissionais do Sporting, que já suspendeu as suas funções, e os empresários João Gonçalves e Paulo Silva.
Este último terá sido quem denunciou a situação às autoridades, por alegadamente estar arrependido, tendo ainda, segundo o JN, entregado no Departamento de Investigação e Ação Penal do Ministério Público do Porto telefones móveis com mensagens escritas e áudio trocadas com os outros suspeitos via WhatsApp, uma aplicação de comunicações encriptadas, nas quais eram combinadas as alegadas atividades junto dos alegados jogadores corrompidos.
Um dos atletas em causa é João Aurélio, defesa do V. Guimarães, a quem o Sindicato dos Jogadores já manifestou “apoio”. O defesa de 29 anos teria sido corrompido para facilitar no jogo entre os vimaranenses e o Sporting, no Estádio D. Afonso Henriques, que terminou com a vitória dos leões por 5-0. Mas até à hora do fecho desta edição o jogador não tinha sido ouvido. Os valores envolvidos no alegado aliciamento de futebolistas terão atingido os 12 500 euros. A edição online do Expresso avançava que entre os alegados jogadores aliciados está um atleta de uma equipa nortenha de nacionalidade brasileira e um guarda-redes.
A operação Cashball, dirigida pelo Departamento de Investigação e Ação Penal do Porto, envolveu 40 elementos da PJ e incluiu uma dezena de buscas domiciliárias, além das feitas à SAD leonina no Estádio José Alvalade.
Liga é assistente no processo
O Sporting emitiu um comunicado ontem a meio da tarde a confirmar as buscas nas suas instalações e a detenção de “dois colaboradores”, acrescentando que “confia na justiça” e que “prestou e prestará toda a colaboração necessária ao apuramento da verdade”.
A Liga Portugal anunciou, também em comunicado, que se constituirá assistente neste processo. “A exemplo daquilo que ocorreu, em situações análogas nas três últimas épocas desportivas, este organismo ir-se-á constituir assistente no processo judicial instaurado”, refere a nota. A Liga irá aguardar “pela atuação dos órgãos de Polícia Criminal e da disciplina desportiva”, entidades a que pedem “celeridade”. Depois de lembrar que “todos se presumem inocentes até decisão condenatória transitada em julgado”, a Liga garante que não compactuará “com a impunidade daqueles que, de forma leviana, coloquem em causa a integridade das competições profissionais”.
O V. Guimarães, que viu o seu nome envolvido neste alegado esquema, repudiou o eventual ato de corrupção no jogo com o Sporting, tendo manifestado “surpresa e estupefação” e exigindo “uma rápida, enérgica e eficiente intervenção dos órgãos judiciais competentes”, mostrando-se “totalmente ao dispor para o que venha a ser entendido como necessário”, pois considera-se como “principal interessado no apuramento da verdade”.