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Em colisão com Marta Soares, os sócios vão decidir futuro de Bruno

Diario Noticias

Líder da AG quer assembleia para tirar o tapete ao presidente, que por sua vez ameaça correr com ele e com o líder do Conselho Fiscal.

A continuidade de Bruno de Carvalho na presidência do Sporting deverá passar por uma Assembleia Geral (AG) em que os sócios serão chamados a votar. Ou pedida ao abrigo do artigo 40 dos estatutos por Jaime Marta Soares, presidente da Mesa, que entrou em rota de colisão com Bruno de Carvalho assumindo que o líder leonino não tem condições para continuar; ou pelo próprio Bruno de Carvalho, que anunciou ontem que iria pedir a reunião magna para ser escrutinado pelos sócios, exigindo que essa assembleia se pronuncie sobre as saídas dos presidentes da Mesa e Conselho Fiscal e Disciplinar.

A guerra em Alvalade já deixou de ser apenas entre o presidente e os jogadores/treinador e passou para outro patamar, tornando a crise ainda mais acentuada, agora a nível de dirigentes. O desfecho será uma AG em que serão os sócios a decidir se a direção se mantém ou cai, dado que Bruno de Carvalho não tem intenção de se demitir.

A bomba rebentou ontem de manhã na TSF, com Jaime Marta Soares a assumir de viva voz que estavam “esgotadas as hipóteses de manutenção da atual presidência” e que “com Bruno de Carvalho não há paz no Sporting”. “Os sócios deram um sinal, disseram aquilo que querem, por isso, ou o próprio Bruno de Carvalho toma a melhor atitude para respeito do que os sócios querem ou nós utilizaremos toda a nossa competência estatutária para fazer regressar a paz ao Sporting”, atirou, deixando expresso que ou Bruno de Carvalho apresenta a demissão ou a Mesa convoca uma assembleia para os sócios se pronunciarem sobre a saída do presidente.

Esta é uma possibilidade que os estatutos do clube permitem. O ponto 40 diz que “o mandato dos membros dos órgãos sociais é revogável, individual ou coletivamente”, mas que para tal está dependente de “justa causa”. Ou seja, ao convocar uma AG com esta finalidade terão de ser explicados aos sócios os motivos para o pedido de revogação do mandato, cabendo-lhes depois votar.

Eduardo Barroso, ex-presidente da Mesa de AG e apoiante de Bruno de Carvalho, considera que não existem razões para ser evocada justa causa. Já Dias Ferreira, também ex-presidente da AG leonina, gostava de ver o problema resolvido de outra forma, considerando que existem assuntos pendentes e uma AG poderia ser prejudicial: “Eu sei o que estou a dizer e por isso estou muito preocupado.”

Bruno deixa Facebook e pede AG

Este tema da AG promete polémica. Pouco depois de Marta Soares ter lançado a bomba, Bruno de Carvalho respondeu-lhe no Facebook, acusando o líder da Mesa da AG de traição e garantindo que será ele a convocar a AG e com outros pontos na agenda. “Para os sócios voltarem a pronunciar-se sobre nós e, neste momento, separadamente, sobre os presidentes da Mesa [Marta Soares] e do Conselho Fiscal e Disciplinar [Nuno Silvério Marques]. Se os sócios não tiverem a memória curta, sairá pela porta pequena como em Poiares”, atirou, numa referência a Marta Soares, prosseguindo com os ataques: “Ontem dava-me palmadinhas nas costas e desejava-me as melhoras e que hoje fosse um dia muito bom para mim e a “Joaninha”. De repente, o poder caiu à rua e já veio atraiçoar quem sempre o defendeu.”

Bruno de Carvalho acusou ainda Marta Soares de ter criado “a maior confusão vista na história do Sporting ao conduzir de forma infantil e incompetente uma Assembleia Geral”. “Com essa sua atuação provocou a necessidade na direção de fazer uma nova AG e de eu a vir a público defender um homem que não tem defesa possível. Este foco de problemas vem agora ameaçar-me”, disparou, numa referência à AG de há um mês e meio, da qual saiu com os poderes reforçados conseguindo quase 90% dos votos na alteração dos estatutos (87,3%) e no regulamento disciplinar (87,8%).

Ainda de manhã, um novo post nas redes sociais, em que o presidente, que passou ontem todo o dia no hospital por causa do nascimento da filha, anunciou que ia deixar de vez o Facebook. A conta – onde fez um ataque aos jogadores após o jogo com o At. Madrid que desencadeou todo este cenário de crise – foi desativada horas depois.

“Para mim terminou de vez esta guerra surda de vos querer manter informados pelo meu canal de informação próprio. Vamos aos poucos ser novamente um clube submisso, calado, sem expressão e sem voz”, escreveu, deixando um recado ao plantel: “Os jogadores e treinadores hoje estão aqui e amanhã ali. Não podem nunca com a conivência de adeptos ganhar ao seu presidente. Agora, quando quiserem sair é fácil, fazem um Instagram e recebem uma ovação de pé.”

Caso, como tudo o indica, seja convocada uma AG para decidir sobre a continuidade dos atuais órgãos sociais, esta tem de se realizar até 30 dias contados da data em que tenha sido requerida. Depois, diz o artigo 46 dos estatutos do Sporting, “no caso de se verificar causa de cessação antecipada de mandato da totalidade dos membros de órgão social, deve o presidente da Mesa da AG” convocar eleições “para data não posterior a quarenta e cinco dias”.

Os estatutos preveem ainda uma outra situação, esta pouco provável, de ser posta em prática mas possível, que passa por “designar uma comissão de gestão (…) composta por um número ímpar de sócios efetivos com cinco anos de inscrição ininterrupta no clube” para liderar o clube, e a AG “deve, no prazo de seis meses contado da designação da comissão de gestão”, convocar eleições para eleger “o Conselho Diretivo, o Conselho Fiscal e Disciplinar ou ambos.”

Origem
DN
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