Gritos de mudança e Vieirismo à prova
Hoje, dois dias antes do previsto, se saberá se o primeiro dia do resto da vida do clube será mais do mesmo ou, pelo contrário, um corte, profundo e a todos os níveis, com o passado vieirista.
As eleições mais concorridas desde aquelas que, em 2000, tiraram João Vale e Azevedo da presidência, testam a liderança de Luís Filipe Vieira, com João Noronha Lopes a emergir como a principal ameaça à concretização do sexto mandato do atual presidente. Rui Gomes da Silva é o outro adversário de uma luta reduzida a três, depois da desistência da lista de Bruno Costa Carvalho.
No cargo desde 2003, nunca como agora Luís Filipe Vieira foi tão colocado em causa, mas logo se verá se o suficiente para dar um novo rumo ao clube. O facto de as eleições ocorrerem após a perda do título de campeão e da eliminação precoce da Liga dos Campeões só acentuaram a contestação, que não parou de subir de tom desde 2018, quando as águias deixaram fugir a conquista do pentacampeonato. Até aí, a obra, a recuperação financeira e desportiva do Benfica, o ressurgimento do ecletismo e a construção de infraestruturas com fama mundial quase tornavam Vieira intocável. Algo que já não é certo.
Após 17 anos na cadeira presidencial, o atual presidente benfiquista também está vinculado a casos judiciais e esse é outro dos pontos a que os adversários recorrem para pedir um “reset” e uma mudança de paradigma, nomeadamente João Noronha Lopes, supostamente o melhor colocado para contrariar a atual dinastia. As indefinições e as dúvidas em torno da aposta na formação, uma das bandeiras de Luís Filipe Vieira, é outro dos pontos que geraram mais debate e mais críticas. Rui Gomes da Silva é o outro candidato, consumando, assim, o afastamento definitivo de Luís Filipe Vieira, de quem foi colega de Direção, como vice-presidente, entre 2009 e 2016. O ex-deputado e comentador televisivo também é crítico das ideias e da visão de Noronha Lopes.
A campanha eleitoral, essa, resumiu-se a entrevistas, não teve debates entre os candidatos e animou-se nos últimos dias. Ontem ficou a saber-se que a corrida será a três, depois da Lista C, de Bruno Costa Carvalho, ter anunciado a desistência de maneira a “não dividir os votos” pela oposição. Antes foi Bernardo Silva a tomar partido e a “pedir mudança” na Luz. Se Luís Filipe Vieira resistir, ficará na presidência até 2024.
Urnas abrem às oito
O processo de votação vai estender-se durante 14 horas. As secções de voto abrem às 8 horas e vai ser possível exercer a escolha até às 22 horas. Sócios têm de ter, pelo menos, a quota de agosto paga.
24 secções fora da Luz
Além das “urnas” colocadas no Pavilhão da Luz, os associados dos encarnados têm à disposição mais 24 locais para votar, espalhados por casas do clube de Norte a Sul do país.
Site nas ilhas e exterior
Os sócios dos Açores, da Madeira e os residentes no estrangeiro podem participar no ato eleitoral através do site oficial do clube.