E-toupeira envolve 261 crimes. Benfica arrisca suspensão mas “prova é difícil”
Sobre a SAD do Benfica recaem 30 crimes e Paulo Gonçalves está acusado de 79. Os restantes são de outros dois arguidos. Vieira nega acusações e diz que o bom nome e a honra do clube serão limpos no final do processo
São 261 os crimes que constam na acusação do Ministério Público sobre o caso e-toupeira, que implica gravemente o Benfica e o seu assessor jurídico Paulo Gonçalves, além de dois funcionários judiciais. Só sobre a SAD do Benfica recaem 30 desses crimes, um deles de corrupção ativa e outro de oferta ou recebimento indevido de vantagem – para além de 29 de falsidade informática.
Segundo o despacho a que a agência Lusa teve acesso, o Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa pede que sejam aplicadas à SAD encarnada as penas acessórias previstas no artigo 4º do Regime de Responsabilidade Penal por Comportamentos Antidesportivos (Lei nº 50/2007), das quais ressalta, sobretudo, a suspensão de participação em competição desportiva por um período de 6 meses a 3 anos.
Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica, foi acusado de 79 crimes: um de corrupção ativa, um de oferta ou recebimento indevido de vantagem, seis de violação de segredo de justiça e de 21 crimes de violação de segredo por funcionário, em coautoria com os arguidos Júlio Loureiro e José Silva (ambos funcionários judiciais). O dirigente encarnado está ainda acusado de 11 crimes de acesso indevido (em coautoria), de 11 crimes de violação do dever de sigilo (em coautoria) e 28 crimes de falsidade informática.
O MP acusou ainda o oficial de justiça José Silva – o único dos arguidos em prisão preventiva – de 76 crimes: um de corrupção passiva (em coautoria), um de favorecimento pessoal, seis de violação de segredo de justiça, 21 de violação de segredo por funcionário, nove de acesso indevido, nove de violação do dever de sigilo, 28 de falsidade informática e de um crime de peculato (apropriação indevida de dinheiro público).
O arguido Júlio Loureiro, escrivão e observador de árbitros, foi também acusado de 76 crimes: um de corrupção passiva, um de recebimento indevido de vantagem, um de favorecimento pessoal, seis de violação de segredo de justiça, 21 de violação de segredo por funcionário, nove de acesso indevido, nove de violação do dever de sigilo e de 28 crimes de falsidade informática.
Luís Filipe Vieira, que entretanto reagiu na noite desta quarta-feira à acusação deduzida pelo MP, não é individualmente arguido neste caso e-toupeira, mas o nome do presidente encarnado não passa incólume no processo. Segundo o Ministério Público, Luís Filipe Vieira teve conhecimento e autorizou a entrega de benefícios aos dois funcionários judiciais por parte de Paulo Gonçalves.