Médicos do São João suspensos 10 e 21 dias por amputarem mama saudável
Susana Tomé submeteu-se a uma cirurgia, em março de 2016, no Hospital de São João, no Porto, para fazer uma mastectomia à mama direita, na qual tinha tido cancro.
Mas, quando acordou da anestesia, apercebeu-se que lhe tinha sido retirada também a mama esquerda, sem a sua autorização. Álvaro Silva e José Luís Fuogo, os dois médicos responsáveis pelo erro, acabaram punidos, entretanto, pela Ordem dos Médicos, com 10 e 21 dias, respetivamente, de suspensão.
A decisão foi confirmada, este mês, pelo Conselho Superior da Ordem. Mas a luta de Susana, por uma parte do seu corpo “que não é recuperável”, continua. Nos próximos dias, vai dar entrada de um processo cível contra os médicos, no Tribunal Administrativo do Porto.
Após ser diagnosticada com um carcinoma invasivo da mama direita, em 2009, foi retirada a Susana uma parte superior do peito. Anos depois, já livre da doença, quis reconstruir a mama.
“Propuseram-me fazer mastectomia total, com reconstrução imediata, das duas mamas. Eu não quis, porque uma nunca tinha estado doente”. Acabou por consentir, em 2016, a mastectomia à direita e “a simetrização da mama esquerda, com eventual prótese de gel de silicone”. Mas não foi isso que acabou por acontecer: retiraram-lhe na mesma as duas.
A Ordem dos Médicos apurou que os dois clínicos cometeram o erro devido a uma “falha de comunicação” e cometeram “infracções graves, praticadas com negligência grosseira”.