DECO diz que carne picada continua sem qualidade
A Defesa do consumidor (DECO) lança esta terça-feira um estudo em que volta a analisar a carne picada dos talhos e conclui que a sua qualidade é má. A organização apela aos consumidores para não comprarem este tipo de produto, que classifica como um "cocktail de bactérias e sulfitos".
Os anos passam, mas as análises da DECO à qualidade da carne picada vendida pelos talhos continuam a apresentar resultados negativos. Para o trabalho agora tornado público foram testadas 20 amostras recolhidas, em outubro de 2018, em 12 talhos da Grande Lisboa e oito do Grande Porto. Destas, apenas quatro foram consideradas de qualidade “razoável” e uma “boa”.
Quinze das amostras continham sulfitos, um conservante que é proibido, e 17 dos talhos não respeitavam a temperatura de conservação, que deve ser inferior a 2 graus centígrados. Alguns termómetros ultrapassaram os 9 graus.
“As temperaturas muito elevadas levam à rápida deterioração de um alimento já de si muito sensível”, explica Nuno Lima Dias, responsável pela investigação. Foram também detetados produtos de origem vegetal que não são autorizados na carne picada. Quanto à conservação e higiene, apenas três estabelecimentos passaram neste ponto.
Desde 2013 que a DECO analisa amostras de carne picada e o panorama continua o mesmo. Comparando com os testes anteriores, alerta a defesa do consumidor, os resultados são piores do que em 2013, e não muito diferentes dos de 2017.
“Quem vende carne picada tem a sua quota-parte de responsabilidade na situação”, lê-se no estudo onde também não são poupadas as entidades que têm a seu cargo a fiscalização destes alimentos, que deveria “ter sido mais robusta”.
“A fiscalização é limitada: em 2018 a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) dava conta de 24 amostras de carne picada analisadas quanto aos sulfitos. Mais: as sanções são pouco dissuasoras”, critica aquele responsável.
A DECO adianta ainda que em 2017, ano em que analisou 25 amostras, reuniu com várias entidades e participou na elaboração de folhetos informativos sobre as condições para se vender carne em qualidade. “Pouco efeito parece ter surtido”, adianta o trabalho.
A Comissão de Segurança Alimentar, ASAE, Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural e associações representativas do setor serão informadas sobre os novos resultados.