34% dos jovens universitários assumem já terem sido violentos no namoro
Mais de metade dos jovens universitários em Portugal já sofreram violência no namoro e 34% assumiu já ter praticado atos de violência sobre o companheiro.
Este é o resultado do Estudo Nacional da Violência no Namoro em Contexto Universitário: crenças e práticas, uma iniciativa da Associação Plano i, que desde 2017 já inquiriu 2683 jovens universitários. A maioria dos jovens não reconhece os atos de violência como tal.
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São jovens com pouco mais de 20 anos, mas mantêm crenças conservadoras no que ao namoro diz respeito. O grande problema, segundo Mafalda Ferreira, criminóloga e coordenadora executiva do estudo, é “a falta de reconhecimento das vítimas”. “A violência sexual ou a psicológica são muito dificilmente reconhecidas pelas vítimas como tal. Ao contrário daquilo que poderíamos imaginar, as crenças são extremamente conservadoras”.
Em véspera de Dia dos Namorados, Mafalda explica que 12,7% das mulheres e 27,9% dos homens inquiridos concordam que algumas situações de violência doméstica são provocadas pelas mulheres. “São crenças que nos preocupam. O facto de os jovens ainda acharem que a família deve ser a prioridade das mulheres, que as mulheres que se mantêm com agressores são masoquistas ou que o ciúme é uma prova de amor revela que há muito a fazer para descontinuar estas crenças que legitimam a violência”.
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A maioria das vítimas são mulheres, mas a violência no namoro é feita também por elas. Segundo Mafalda, a violência começa cada vez mais cedo, mas os jovens não sabem que a estão a exercer ou a ser vítima delas. Casos como insultos – 21% das mulheres e 17% dos homens reconhecem já terem sido insultados -, serem impedidos de contactar com amigos, a perseguição nas redes sociais, o ciúme ou consultar com frequência o telemóvel da outra pessoa não são identificados pelos jovens como violência. Mas, muitas vezes, os casos escalam até aos estalos ou à coação para atos sexuais.
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“Temos que intervir a nivel primário, ainda antes de haver qualquer contacto com algum tipo de violência, para que as crenças nao tenham tempo de se formar. Temos que trabalhar através da educação para a igualdade de género, na desconstrução de mitos, estereótipos, do que é esperado de um homem e de uma mulher”, conclui Mafalda.