Rússia rejeita ultimato de países europeus ao Presidente Nicolás Maduro
A Rússia rejeitou, sexta-feira, o ultimato dado pelos países europeus ao Presidente da Venezuela para que convoque eleições e disse que apoiará a iniciativa de mediação de México e Uruguai para a solução da crise na Venezuela.
“Continuaremos a defender o direito internacional, apoiando as iniciativas que forneceram alguns países latino-americanos, como México e Uruguai, que apontam a criação de condições para um diálogo nacional envolvendo todas as forças políticas na Venezuela”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, durante uma visita a Biskek.
O chefe da diplomacia russa também comentou a declaração do Presidente norte-americano – que no domingo disse que o envio de tropas para a Venezuela é “uma opção”-, referindo que as palavras de Donald Trump são um “ataque” aos próprios fundamentos do direito internacional.
Nesse sentido, criticou a posição dos países europeus, que seguem a linha estabelecida por Washington, ao emitirem ultimatos ao Governo do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
“Infelizmente, a partir da Europa, e não da América Latina, impõe-se agora (à Venezuela) um formato de mediação internacional” em que os participantes foram selecionados por critérios que Moscovo desconhece, referindo-se ao grupo de contacto proposto por alguns países europeus.
“A UE propôs a criação de um grupo de contacto que incluiu oito ou dez membros (do bloco europeu) e um número semelhante de países latino-americanos. E ninguém sabe os critérios pelos quais foram guiados”, disse Lavrov, sublinhando que nem a Rússia, nem países como Estados Unidos ou China, receberam convites para participar nesta iniciativa.
Além disso, criticou o facto de o grupo de contacto ser formado principalmente pelas nações que se juntaram ao ultimato dado a Maduro para convocar novas eleições, prazo este que expirou no domingo.
“Quer dizer que hoje os mediadores devem reconhecer o rival” de Maduro, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela Juan Guaidó, como Presidente interino daquele país, disse Lavrov, sublinhando que “assim, não se pode mediar”.
Vários países europeus, incluindo Portugal, deram até domingo a Maduro para convocar novas eleições presidenciais, caso contrário, reconheceriam o rival Juan Guaidó como Presidente interino.
Hoje, Portugal, França, Espanha, Suécia e Reino Unido já reconheceram Guaidó como Presidente interino da Venezuela.
A crise política na Venezuela, onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).