Sociedade

Porque é que há cada vez mais universitários a preferirem as privadas?

Relatório do Ministério da Educação diz que, no ano passado, houve aumento de 17,5% de caloiros no ensino superior privado. Presidentes destas instituições dizem que setor deixou de ser visto como mera alternativa às universidades públicas

Foram 22 318 os alunos que em 2017/18 escolheram as universidades e os politécnicos privados – mais 17,5% que os 18 996 do ano anterior. Os dados são da Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência, que acabou de lançar o relatório do Registo de Alunos Inscritos e Diplomados do Ensino Superior de 2017.

O ensino público continua a ter a fatia de leão dos novos estudantes – 122 811. Mas aqui o crescimento é mais tímido – apenas 5,9%.

“No caso das principais universidades privadas, o crescimento ultrapassa os 20%”, diz ao DN João Redondo, presidente da Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP) e chanceler da Universidade Lusíada. “Para este novo ano as perspetivas são novamente de aumento das inscrições.”

Porque é que há cada vez mais caloiros a escolher as privadas? Manuel Damásio, presidente do Grupo Lusófona, a maior privada portuguesa, aponta dois fatores fundamentais: “Antes de mais, houve uma alteração da escolaridade obrigatória, que leva uma quantidade substancial de alunos a não abandonar o sistema de ensino e a prosseguir com os estudos depois do 12.º ano.”

Mas há outro fator determinante: “a concentração da procura em determinadas áreas onde no ensino superior particular há oferta”. Cursos que só existem no privado, ou que no privado têm melhor reputação.

Redondo aponta na mesma direção: diz que o ensino superior privado está a autonomizar-se e deixar de ser uma mera alternativa às universidades públicas. E há um sintoma que considera esclarecer: “Hoje, 70 a 80 por cento dos alunos já estão inscritos quando saem os resultados dos concursos.”

A atribuição de bolsas de estudos aos alunos com boas notas, a criação de empregos dentro das instituições para as famílias com maiores dificuldades e a proximidade geográfica das famílias são outros fatores que ajudam à retoma do ensino superior privado.

Nos anos 1990, as privadas albergavam mais de 40 por cento dos alunos do ensino superior em Portugal. “No final da década, as públicas alargaram a oferta e ocuparam um espaço muito grande. Agora, com o reajustamento dos últimos anos, ganhou-se um novo fôlego”, diz João Redondo.

Origem
DN
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