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Carlos Ramos, o árbitro português habituado às polémicas

Serena Williams foi a mais recente estrela do ténis a perder as estribeiras face ao juiz português. O rigor de Carlos Ramos já o levou a desavenças com Djokovic, Nadal ou Murray.

Na final do Open dos Estados Unidos, no sábado, a norte-americana Serena Williams foi advertida pelo facto de o seu treinador estar a fazer sinais. A partir daí, a tenista perdeu a compostura, acusou Carlos Ramos de sexismo, partiu a raqueta e foi penalizada num jogo. Serena acabou por perder a final para Naomi Osaka.

Carlos Ramos, nascido em 1971, é árbitro de ténis profissional há 27 anos e está na elite da arbitragem há bastante. Radicado em Lyon, França, é presença assídua nos melhores torneios e nas grandes partidas de ténis.

Nos últimos anos, porém, o seu rigor entrou em choque com os egos de alguns dos melhores tenistas da atualidade.

Em maio de 2016, em Roland Garros, Ramos advertiu a irmã de Serena Williams, Venus, para o seu treinador parar de fazer sinais.

Venus argumentou que tinha 36 anos e que durante a sua carreira nunca tinha olhado para o treinador. “Eu jogo de forma honesta.”

No mesmo torneio, o australiano Nick Kyrgios foi punido por violação de código de conduta, na sequência de ter gritado para com um dos apanha-bolas ao pedir uma toalha. Kyrgios reagiu à chamada de atenção de Ramos com palavras pouco edificantes e recusou ter maltratado o rapaz. “A sério? Estou a infringir que regras? Isto é uma merda.”

No mesmo ano, nos Jogos Olímpicos, Andy Murray e Carlos Ramos desentenderam-se. O português advertiu-o ao considerar que o britânico chamou-o de “árbitro estúpido”. Murray afirmou que tinha desabafado “arbitragem estúpida”. “Mas se quer ser a estrela do jogo, tudo bem”, concluiu Murray, que venceu Kei Nishikori.

No ano seguinte, Ramos e Murray voltaram a ser notícia, curiosamente numa partida em que o opositor era, de novo, o japonês. O escocês foi advertido por demorar demasiado tempo no serviço, o que o deixou frustrado, em parte com a decisão “estranha” de Ramos, que qualificou de “muito bom árbitro”. Mas sobretudo mostrou-se desagradado com a regra de 20 segundos para servir nos torneios do Grand Slam, quando nos outros o limite era de 25 segundos.

A mesma regra levou a que Ramos advertisse Rafael Nadal em Roland Garros numa partida com o compatriota Roberto Bautista Agut, ao que o espanhol respondeu que ele teria de receber muitas advertências. “Digo isto com alguma tristeza, porque não quero ter problemas, Mas penso que este árbitro tenta, de certa forma, ir atrás das minhas falhas e dos meus erros”, disse Nadal no fim do encontro.

Também no torneio francês, Ramos agiu da mesma forma para com Novak Djokovic. O sérvio foi advertido por “múltiplas violações de tempo” e pouco depois deixou-se levar pela emoção, gritando na sua língua-mãe e atirado uma bola em direção ao apanha-bolas, o que o levou a ser advertido de novo, desta feita por conduta antidesportiva. “O que se passa? O que é que eu disse? Não me diga que sabe sérvio?”, gritou Djokovic, que derrotou Diego Schwartzman.

Já neste ano, em Wimbledon, Djokovic fez um gesto de quem deseja atirar a bola a Carlos Ramos. O tenista, que eliminou Nishikori nas meias-finais do torneio, havia sido advertido por ter atirado uma raqueta ao chão. Argumentou o tenista que o adversário tinha feito gesto semelhante e não recebera qualquer penalização.

Também em Portugal, a forma de ajuizar de Carlos Ramos fez história. No Estoril Open de 2017, o francês Richard Gasquet perdeu um ponto por receber instruções do treinador durante uma partida que acabou por perder para o sul-africano Kevin Anderson.

“O meu treinador não disse nada e deu-nos um ponto de penalização. Estávamos os dois a lutar muito, estava muito cansado, é impossível fazer ‘iguais, vantagem, iguais’ e dar-me um ponto de penalidade por isso, para mim é desrespeitoso. Nunca vi um árbitro de cadeira assim. Estou muito triste, perdeu o meu respeito para toda a vida”, disse o vencedor do Estoril Open de 2015.

Se alguns tenistas não se refreiam em criticar Ramos, não é menos verdade que o árbitro de elite recebe elogios de quem não está em campo e que sabe do tema. Por exemplo, Jorge Cardoso, responsável pela formação dos árbitros da Federação Portuguesa de Ténis, considera Carlos Ramos “equilibrado e sensato”.

Origem
DN
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