Jamie Oliver teve duas horas para evitar a bancarrota
O chef Jamie Oliver deu uma entrevista ao jornal Financial Times sobre a crise financeira que há um ano ameaçou o seu império de 43 restaurantes espalhados pelo mundo e dos quais sobreviveram apenas 25. De forma aberta, diz que "f...." 40% da sua fortuna.
Jamie Oliver raramente fala sobre o seu império construído em cima da gastronomia: autor de livros de culinária, protagonista de programas na televisão e proprietário de uma cadeia de restaurantes, dos quais um em Portugal. Principalmente, porque no último ano viveu à beira de uma catástrofe financeira que o ia levando à bancarrota.
A entrevista que deu ao Financial Times esta semana surge num momento em que os seus maiores receios em falir estão afastados do precipício em que se encontrava há um ano e que teve resolver em duas horas ou era declarada a bancarrota da sua cadeia de restaurantes. Mesmo que para isso tenha perdido nesse mesmo dia mais de oito milhões de euros das suas poupanças e nos últimos meses obrigado a injetar quase mais seis milhões, além de ter de contrair empréstimos bancários no valor de 41 milhões de euros. Diga-se que a sua fortuna pessoal está avaliada em mais de 160 milhões de euros…
Em poucas palavras, Oliver considera que “f….” 40% do negócio no último ano (as suas palavras são: “fucked up” 40 per cent of the business”.
Oliver contou como se apercebeu do buraco em que estava: “Telefonaram-me a informar que estávamos sem fundos – assim mesmo – e que tinha duas horas para arranjar dinheiro e salvar a situação ou iria tudo pelo cano abaixo nesse dia ou no seguinte (a expressão que utiliza é “the whole thing would go to shit that day or the next day). Era mesmo esta a realidade, coisa que eu não esperava, afinal temos reuniões periódicas e os responsáveis pela situação financeira deveriam estar atentos e avisar.”
O drama financeiro não obrigou Jamie Oliver a esforçar-se mais do que já fazia, continua a ir para o trabalho na sua Vespa às 05.30 e nunca vai para casa antes das 21.00. Mas não deixou de tentar encontrar a razão para o caos: “Não sei ainda o que aconteceu exatamente! Acho que foi o resultado de uma tempestade perfeita: aumento das rendas dos restaurantes, o declínio comercial de certas localizações, o maior custo dos produtos alimentares e o Brexit.” No centro dessa tempestade perfeita que o obrigou a fechar duas unidades de referência, o Jamie”s Diner no Soho e o Barbecoa steakhouse em Piccadilly, há quem aponte para um responsável, o CEO da empresa, o seu cunhado Paul Hunt, considerando “incompetente” por algumas fontes. Oliver nunca o acusou, até o defendeu: “Ele é honesto, leal e confio totalmente nele. Fez o que era necessário.”
Na entrevista, Jamie Oliver tenta sempre dar uma resposta para o que lhe aconteceu, mesmo que nunca a encontre de forma exata. Mas não deixa de elogiar o seu percurso na restauração: “Alterámos o panorama do setor e a nossa história foi um sucesso nos primeiros seis anos. Agora, está tudo a desaparecer.” Mesmo assim, Oliver está confiante: “Neste momento, começamos a ver a luz ao fim do túnel.”