Alonso voou por cima de Leclerc e ninguém ficou ferido: o dia em que o halo salvou uma vida na Fórmula 1
Oito segundos depois da partida, o carro de Fernando Alonso voou por cima do Sauber de Charles Leclerc. As imagens são impressionantes, mas ninguém ficou ferido, graças ao halo de que ninguém gostava.
Pouco mais de oito segundos. Foi o tempo que Fernando Alonso, Charles Leclerc e Nico Hulkenberg estiveram em pista este domingo, no Grande Prémio de Fórmula 1 de Spa-Francorchamps, na Bélgica. Os três pilotos ficaram fora da corrida logo na primeira curva, depois de um acidente aparatoso que, para surpresa e alívio de todos aqueles que assistiam ao Grande Prémio em direto, não provocou feridos.E a verdade é que este facto obrigou os pilotos de Fórmula 1 a engolir alguns sapos.
Mas vamos recuar. Na primeira curva da etapa de Spa-Francorchamps, o McLaren de Fernando Alonso – que tinha saído da 17.ª posição da grelha – foi tocado por trás pelo Renault de Nico Hulkenberg, que falhou a travagem. Numa primeira fase, o carro de Alonso dá apenas um pequeno salto e começa a derrapar de lado, mas acaba por encontrar a retaguarda do Sauber de Charles Leclerc. O McLaren voou e aterrou em cima de Leclerc: temeu-se imediatamente o pior.
Os três carros saíram para a escapatória e os pilotos deram sinais de que, felizmente, estava tudo bem. Com as repetições e os vídeos que surgiram minutos depois do acidente, percebeu-se que Charles Leclerc foi salvo pelo halo, o novo sistema de segurança introduzido esta temporada pela Fórmula 1, que amparou o embate e resistiu à aterragem do McLaren de Alonso. As imagens que entretanto surgiram do Sauber depois do acidente mostram os danos provocados pelo choque.
Já depois do final da corrida – que Sebastian Vettel venceu, encurtando a distância para Lewis Hamilton na classificação geral -, os pilotos do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 recorreram ao Twitter para sublinhar a importância do halo e saudar a importância da introdução do novo sistema de segurança.
Mas nem sempre foi assim: antes do arranque da temporada, quando o halo começou a ser testado e a sua introdução foi dada como garantida, foram muitos os pilotos a afirmar publicamente que estavam contra o novo elemento e a questionar a sua real eficácia. Incluindo o próprio Charles Leclerc, que horas depois do acidente admitiu que nunca foi “um fã do halo” mas estava “muito feliz por tê-lo por cima da cabeça” em Spa-Francorchamps. Também Nico Rosberg e Felipe Massa, ambos pilotos de Fórmula 1 já retirados, pediram o “fim da discussão” porque o halo “vai salvar vidas”.
O halo é um sistema aerodinâmico que visa proteger os pilotos de lesões cerebrais e qualquer impacto que possa envolver a cabeça. A plataforma – feita em carbono e desenhada para aguentar a força de um embate com um autocarro de dois andares – fica à frente do habitáculo do piloto e descreve uma espécie de “T”, protegendo também a parte lateral da cabeça.
O novo sistema de segurança começou a ser pensado em 2016, na ressaca do acidente que provocou a morte do piloto de testes da Ferrari Jules Bianchi. Na altura, a FIA pediu a várias equipas para efetuarem testes e construírem protótipos que respondessem às necessidades dos pilotos. A proposta mais forte foi a da Mercedes: uma aureóla que era removível através de um basculante em caso de acidente. A ideia não avançou mas deu o mote para o halo atual.
No final da corrida, Fernando Alonso disse que “parecia que estava a jogar bowling com os outros carros” e deu “graças a Deus pelo halo“. Mostrou-se ainda incrédulo com o erro de Hulkenberg – que foi entretanto castigado pela FIA em dez lugares na grelha do próximo Grande Prémio e recebeu três pontos de penalização na super licença.