Em março, o presidente do Metro de Lisboa defendia que a ligação do Rato ao Cais do Sodré significaria um aumento da procura na ordem dos 14,9 milhões de passageiros.
No entanto, nem todos se mostraram satisfeitos com o projeto. A polémica começou com o Metropolitano de Lisboa a insistir na linha circular e vários engenheiros a falar em “erro”. Fernando Nunes da Silva, engenheiro e antigo vereador da Câmara Municipal de Lisboa, foi um dos nomes que cedo surgiu como opositor. “A linha circular vai acentuar assimetrias na cidade e não serve a população e o emprego”. Também Fernando Santos e Silva referiu que “no contexto atual, a linha circular proposta está sujeita a uma taxa de avarias superior à do conjunto das duas linhas autónomas equivalentes, tem dificuldades acrescidas de regulação em caso de afluência excessiva ou resolução de perturbações, não preenche os critérios de economia de energia e de manutenção que evita curvas e pendentes, não serve a zona ocidental da cidade e constitui uma agressão ao património”. Para o engenheiro, “a linha circular é um erro”.
Agora, o estudo de impacte ambiental veio estabelecer que o prolongamento da rede entre o Rato e o Cais do Sodré vai melhorar a oferta através de uma redução do tempo de espera entre comboios. De acordo com a análise, falamos de uma descida de quase um minuto e meio.
O documento, que estará em consulta pública até 22 de agosto, esclarece que “os tempos de espera pelos comboios vão-se alterar tanto para o período de ponta da manhã como para o corpo do dia”. Pode ainda ler-se que, face à manutenção das duas linhas independentes, a opção pela linha circular permitirá o ganho de 8 932 833 novos passageiros na rede face ao existente. Mas não é apenas de aspetos positivos que se fazem os resultados deste estudo. Durante a construção, haverá poeira e ruído. A duração prevista? Um ano e meio.
O estudo de impacte ambiental refere que a execução do plano de prolongamento prevê sete frentes de trabalho e a verdade é que da estação de Santos ao Casi do Sodré o túnel será construído a céu aberto. “A duração das atividades críticas em termos de ruído, vibrações e poeiras terá uma duração de 1,5 anos em cada frente de obra”, pode ler-se. No entanto, os autores destes estudo referem que todos os efeitos negativos cessam assim que terminarem as obras.
Transportes públicos. Reclamações não param de aumentar
Em 2017, as reclamações dos clientes nos transportes públicos aumentaram significativamente. Foram contabilizadas mais de 61 mil queixas, o que corresponde a uma média de 167 reclamações por dia, sendo que é a CP quem lidera a lista das empresas com mais críticas.
Os clientes queixam-se principalmente da supressão de carreiras, do incumprimento de horários e de paragens, do excesso de lotação de veículos, das multas, dos preços dos bilhetes, das dificuldades de aquisição e de validação dos títulos de transporte por mau funcionamento das máquinas de venda e dos validadores e pelo deficiente atendimento ao cliente.
Os relatórios da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), referentes a 2017, indicam que o número de reclamações aumentou em todos os setores, principalmente no setor rodoviário e ferroviário.
Das 61.319 reclamações, mais de 43 mil foram feitas diretamente aos principais operadores do mercado, e as restantes 18 mil foram escritas no livro de reclamações ou recebidas pela AMT.
A CP é a transportadora que mais queixas recebe e também a que mais clientes tem – 122 milhões -, tendo ultrapassado as 24 mil reclamações.
O Metropolitano de Lisboa e a Carris são as outras duas empresas que mais queixas têm, e contam com 6060 e 5487 reclamações respetivamente.