A imprensa norte-coreana escreveu, esta segunda-feira, que o líder do país e o Presidente dos Estados Unidos vão abordar na terça-feira a desnuclearização da península coreana, parte de uma “nova era” nas relações bilaterais.
Segundo um despacho da agência noticiosa oficial KCNA, Kim Jong-un e Donald Trump vão discutir, em Singapura, o “estabelecimento de novas relações” entre Pyongyang e Washington, a “construção de uma paz permanente” e a “implementação da desnuclearização da península coreana e outros assuntos de interesse mútuo”.
O texto indica que a cimeira, a primeira entre os dois países, celebra-se “sobre o olhar atento e grandes expectativas de todo o mundo”.
A capa do “Rodong”, jornal oficial do Partido dos Trabalhadores, partido único do país, mostra Kim a chegar a Singapura, no domingo, transportado por um avião da companhia aérea chinesa Air China, e a ser recebido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Singapura, Vivian Balakrishnan.
A segunda página do jornal destaca o encontro entre Kim e o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, no mesmo dia, no palácio presidencial de Istana.
Em editorial, o jornal assegura que a Coreia do Norte “vai procurar, através do diálogo, a normalização das relações” com um país (sem identificar qual), sempre que essa nação “respeitar a autonomia” norte-coreana.
A televisão estatal norte-coreana KCTV noticia também a viagem de Kim a Singapura, com imagens da chegada e a reunião com o primeiro-ministro Lee.
Já a norte-americana Associated Press, uma das poucas agências internacionais com delegação em Pyongyang, descreve a capital norte-coreana como a “calma no centro da tempestade”.
“Com poucas fontes de informação, além da imprensa estatal, rumores e passa a palavra, a maioria dos norte-coreanos está às cegas sobre o histórico evento, que potencialmente transformará as suas vidas”, descreve Eric Talmadge, correspondente da agência em Pyongyang.
Trump e Kim vão reunir-se na terça-feira, em Singapura, num encontro histórico que ocorre depois de, em 2017, as tensões terem atingido níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), face aos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Washington.