Conservadores com grande influência pressionam Merkel a dificultar os recursos a pedidos de asilo falhados.
O suspeito regressou ontem à Alemanha, extraditado pelas autoridades curdas iraquianas passadas somente horas da sua captura, na cidade de Zahko. O seu julgamento já decorre na imprensa e nas ruas, onde se repetem diariamente manifestações contra o acolhimento em massa de refugiados e a favor de uma política de deportação mais célere e menos aberta a recursos prolongados. “Se ele tivesse sido deportado a tempo, Susanna ainda estaria viva”, lia-se na edição de sexta do tablóide “Bild”
O homicídio de Susanna F. ocupa a atenção alemã por vários motivos. Primeiro, porque o suspeito é um iraquiano de 20 anos e se chama Ali Bashar, o que, num país no qual o maior partido da oposição ao governo é a formação nacionalista Alternative für Deutschland, é motivo suficiente para o escândalo.
Em segundo lugar, porque Bashar fugiu da Alemanha com a família e com documentos forjados num momento em que a polícia procurava ainda o corpo de Susanna e já depois de o jovem ter alegadamente confessado o crime a um amigo. E também porque Bashar era já conhecido das autoridades alemãs por maus-tratos a funcionários de asilo e esperava há dois anos o recurso a um asilo que já havia sido recusado.
As críticas à lei alemã de asilo partem de círculos influentes dos cristãos-democratas da CDU, o que sugere que Merkel pode mesmo ter de vir a facilitar – uma vez mais – as deportações de requerentes de asilo fracassados. Como Wolfgang Schäuble, por exemplo, o antigo ministro das Finanças e presidente do Bundestag, que no fim de semana declarou: “Temos de recusar em alguns aspetos da lei alemã se quisermos ter uma política europeia comum de asilo”.