A SAD do Sporting anunciou, nesta quarta-feira, à CMVM a saída do administrador Guilherme Pinheiro. Alteração dos órgãos sociais tem como implicação desactualização do prospecto da emissão obrigacionista de 15 milhões de euros e impede a sua aprovação pelo regulador.
O Sporting anunciou nesta quarta-feira, 6 de Junho, a renúncia de Guilherme Pinheiro ao cargo de administrador da SAD, em comunicado enviado à CMVM. Uma saída que representa uma alteração aos órgãos sociais da Sporting SAD, que constavam inicialmente do prospecto de emissão obrigacionista de 15 milhões de euros, impedindo, assim, a sua aprovação pelo regulador do mercado de capitais, revelou ao Jornal Económico fonte próxima ao processo.
Segundo esta fonte, “a saída de um dos administradores da Sporting SAD significa que o prospecto da emissão obrigacionista está desactualizado, pelo que não poderá ser aprovado sem a actualização desta informação”.
Guilherme Pinheiro era um dos quatro vogais do Conselho de Administração da SAD do Sporting, presidida por Bruno de Carvalho, uma vez que o administrador Vítor Ferreira se demitiu em 2015 e não foi substituído. Este dirigente estava responsável pela pasta da compra e venda de jogadores do futebol leonino, tendo renunciado ao cargo, segundo avança o jornal desportivo O Jogo, devido à discordância em relação à política negocial do clube, uma vez que o ex-administrador alinhava os termos para as transferências em nome do Sporting e acabava por ser desautorizado por Bruno de Carvalho. Divergências que acabaram por ditar a decisão de demissão.
A instabilidade na SAD leva, assim, a CMVM a atrasar emissão de 15 milhões do Sporting que visa o pagamento de salários, de impostos ao fisco e também créditos bancários. Um empréstimo que só será aprovado pela CMVM depois de o prospecto da Oferta Pública de Subscrição (OPS) conter toda a informação verdadeira e rigorosa que reflicta, nomeadamente os “riscos actuais” que decorrem de acontecimentos recentes com os verificados na Academia de Alcochete,a 15 de maio, com a agressões a jogadores e equipa técnica, que levaram já à saída de jogadores como Rui Patrício e Daniel Podence que avançaram para rescisões por justa causa, a que se poderão juntar mais rescisões de outros jogadores do clube leonino.
Além desta situação, está ainda em curso uma investigação judicial ao clube, por suspeitas de corrupção.
Segundo fonte próxima ao processo, este processo de aprovação por parte da CMVM é “evolutivo” e conhece “várias interacções entre a CMVM e os emitentes”, tendo o regulador oito dias para registar a OPS, após ter a informação completa que “visa actualizar o prospecto do empréstimo obrigacionista”.
Montepio lidera sindicato bancário
Neste empréstimo obrigacionista, o Montepio Investimento é o coordenador global da operação que lidera o sindicato bancário onde participam o BCP, grupo CGD, Banco Carregosa e Caixa Económica Montepio Geral (CEMG).
A taxa de juro do primeiro dos empréstimos obrigacionistas da Sporting SAD (que pretende a emissão de uma ou mais emissões obrigacionistas no valor de 60 milhões de euros até ao final deste ano), no montante de 15 milhões de euros, será de 6%, com vencimento de juros semestral e postecipado.
A assembleia-geral de obrigacionistas do Sporting deu neste domingo, 20 de maio, “luz verde” ao adiamento por seis meses do prazo para o reembolso do empréstimo obrigacionista, de acordo com um comunicado enviado à CMVM.
No comunicado, a SAD do Sporting informou a CMVM da deliberação sobre o adiamento do reembolso de uma emissão de 30 milhões de euros que atinge a maturidade este mês. O objectivo passa por realizar o pagamento destes títulos apenas em novembro, adiando a data de reembolso de 25 de maio de 2018 para 26 de novembro de 2018.
A proposta foi apresentada pelo Conselho de Administração da SAD do Sporting e obteve 29.7392 votos a favor, sem votos contra ou abstenções, tendo sido aprovada.
Esta emissão obrigacionista ocorreu entre 07 e 20 de maio de 2015, perfazendo até seis milhões de obrigações até 30 milhões de euros, com um valor nominal de cinco euros, a taxa de juro de 6,25%.
O pedido de adiamento do reembolso surgiu devido ao período de turbulência que afectou o clube, com pedidos de destituição da administração na sequência de declarações do presidente Bruno de Carvalho sobre a equipa de futebol. Segundo o Sporting, esta turbulência impediu a realização na altura de uma nova emissão que estava a ser preparada para angariar os fundos necessários para pagar os títulos que chegavam à maturidade a 25 de maio.