Os trabalhadores ferroviários da CP, Medway e Takargo estão, esta segunda-feira, em greve contra a possibilidade de circulação de comboios com um único operacional, o que deverá levar à supressão de veículos de passageiros e de mercadorias.
Os sindicatos subscritores do pré-aviso de greve preveem que a paralisação tenha “um grande impacto na circulação de comboios” e a CP admite que deverão ocorrer “fortes perturbações na circulação”, até porque não estão garantidos serviços mínimos.
José Manuel Oliveira, coordenador da Federação Sindical dos Transportes e Comunicações (FECTRANS), uma das seis estruturas envolvidas na greve, disse à agência Lusa que a maioria dos comboios suburbanos não deverá circular durante o período de greve.
Luís Bravo, presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão e Comercial itinerante (SFRCI), informou que a taxa de paralisação dos comboios entre as 22 horas de domingo e as 6.30 horas de segunda-feira esteve “na ordem dos 90% em todo o país“, sendo que chegou a atingir os 100% em alguns locais. “Nas zonas urbanas de Lisboa é de 100% e no Porto de 95%”, acrescentou.
Os sindicatos que marcaram a greve consideram que “a circulação de comboios só com um agente põe em causa a segurança ferroviária – trabalhadores, utentes e mercadorias”, e defendem, por isso, que “é preciso que não subsistam dúvidas no Regulamento Geral de Segurança (RGS)”. Os ferroviários rejeitam alterações ao RGS com o objetivo de reduzir custos operacionais.
O pré-aviso de greve foi emitido por sindicatos da CGTP, UGT e independentes, porque consideram que a redação do RGS, em discussão nos últimos meses, deixa em aberto a possibilidade de os operadores decidirem se colocam um ou dois agentes nos comboios.
Sindicatos marcam nova greve
Os sindicatos têm marcada uma nova greve para os dias 12 e 13.
Em novembro, os sindicatos dos ferroviários suspenderam uma ação após terem acordado com o Governo que a redação do regulamento de segurança iria ser melhorada de forma a garantir que cada comboio circularia sempre com um maquinista e um revisor ou operador de mercadorias.
Atualmente, os comboios circulam sempre com dois trabalhadores, exceto na Fertagus que, ao abrigo do RGS, pode funcionar excecionalmente com agente único entre Setúbal e o Pragal. Os sindicatos envolvidos na paralisação tinham anunciado há dois dias uma greve para quatro de junho.