A área das tecnologias da informação lidera os pedidos de recrutamento num Portugal cada vez mais tecnológico. Com a falta de mão-de-obra, as empresas são já obrigadas a oferecer salários mais altos
A economia está a crescer, o desemprego a cair a ritmo acelerado e as empresas estão a abrir as portas a novos profissionais. Em áreas como as tecnologias de informação (TI) há já um défice entre a oferta e a procura, e aumentos salariais de 7% e 9% já não seguram o profissional. É um setor que está muito dinâmico, a precisar de contratar para diversas funções e a tendência é para perdurar na década.
Mas não faltam oportunidades em outras áreas. O crescimento do turismo está a alavancar as necessidades de mão-de-obra. As empresas, que têm assegurado aumentos nas vendas via exportações, estão a apostar em comerciais. E profissões ligadas às áreas financeira e de engenharia continuam a ter forte procura. Interessante é verificar que o mercado de trabalho valoriza cada vez mais as soft skills.
A dinâmica nas TI não para. As empresas, e não só as de tecnologia, estão a recrutar programadores, engenheiros de software, profissionais de cibersegurança e especialistas de big data. É “um dos setores de futuro em Portugal”, que “se está a transformar num centro tecnológico”, com “muitas empresas internacionais a instalarem os seus hubs de tecnologia no país”, diz Cristiano Aron, diretor da consultora Robert Walters em Portugal.
Carolina Mesquita, especialista de recrutamento e seleção da Adecco, sublinha que “são várias as empresas em Portugal que procuram profissionais nesta área”, mas a oferta de emprego está a embater contra a parca disponibilidade de especialistas. A falta de resposta do mercado está a refletir-se em aumentos salariais. Como sublinha Cristiano Aron, em 2017 “os empregadores já se viram obrigados a aumentar os salários para atrair e reter talento” e essa “tendência vai continuar em 2018”. A Robert Walters aponta, para este ano, subidas entre 7% e 9% nos salários.
A procura de engenheiros está também em alta, especialmente nas valências de mecânica, eletrónica, eletrotecnia e gestão e engenharia industrial. Segundo a Talent Portugal, “prevê-se que em breve exista uma carência significativa” de profissionais.
Motor em aceleração
As empresas estão confiantes na economia e, por isso, centradas no crescimento, com o recrutamento a estender-se a várias áreas. Indústria alimentar, saúde, logística, automóvel, turismo, fiscal, imobiliário e construção são setores que mostram grande dinamismo nas intenções de recrutamento, referem as consultoras Michael Page e Robert Walters.
“Acresce também a área comercial nos mais diferentes setores, que tem sido uma das maiores apostas dos nossos clientes”, diz Carolina Mesquita, sublinhando que essa tendência terá que ver com a confiança “num crescimento efetivo do negócio”. Neste capítulo, a Michael Page reforça a “fase positiva” que o país está a atravessar, mas recorda as previsões do Banco de Portugal que apontam para um progressivo abrandamento do crescimento até 2020, “pelo que é fundamental que haja prudência e que todos os players trabalhem para garantir que este é de facto um crescimento sustentado”.
Se o inglês é fundamental, cada vez mais os empregadores exigem conhecimento de mais do que um idioma. Francês, alemão, espanhol, italiano, holandês e russo são as línguas mais solicitadas. E não é apenas para o setor do turismo, muito dinâmico no recrutamento dadas as expectativas de crescimento, mas também os serviços e a indústria.
Hoje em dia, os empregadores estão muito centrados naquilo que entrou no léxico comum como soft skills: capacidade de comunicação, criatividade, resiliência, proatividade, capacidade de relacionamento interpessoal, flexibilidade, espírito de equipa. Cristiano Aron sublinha que, “quando uma empresa está em dúvida entre dois candidatos, a escolha será quase sempre baseada em soft skills e não em qualificações técnicas”.