O secretário-geral do PCP acusou, este sábado, o Governo do PS de estar “do lado daqueles que estão contra o Serviço Nacional de Saúde”, uma vez que “a obsessão pela redução do défice” impede o investimento público no setor.
Jerónimo de Sousa encerrou, este sábado, em Lisboa, o encontro do PCP sobre “Serviço Nacional de Saúde público e de qualidade – direito à saúde para todos”, discurso durante o qual acusou o Governo socialista de ser “responsável por manter, no caso da saúde, um conjunto de problemas estruturais”.
“A obsessão pela redução do défice para valores muito mais baixos do que a própria União Europeia impõe ao nosso País e a opção errada de utilizar as centenas de milhões de euros poupados com essa redução, não no investimento público, nomeadamente na saúde, mas na ajuda aos bancos e naquele que é o grande sorvedouro dos dinheiros públicos, o serviço da dívida, coloca o governo do PS do lado daqueles que estão contra o Serviço Nacional de Saúde”, criticou.
O líder comunista não esqueceu os “posicionamentos e desenvolvimentos em torno da Lei de Bases da Saúde”.
“Alguns, avaliando a atual relação de forças na Assembleia da República como sustentação de apoio automático a uma alteração progressista à Lei de Bases da Saúde, podem estar a fazer mal as contas!”, avisou.
Jerónimo de Sousa prometeu que o partido não ficará “numa posição expectante” e, “de forma autónoma”, vai travar “todos os combates necessários para que o direito à saúde dos portugueses integre o direito à vida, reforçando o Serviço Nacional de Saúde”.
Não é por acaso, de acordo com secretário-geral do PCP, que “ontem mesmo Rui Rio se tenha ‘chegado à frente'”.
“E o PS? Muita coisa mudou desde 1979. E por parte dos Governos do PS mudou para pior”, atirou.
Na opinião de Jerónimo de Sousa, esta realidade “tem que estar presente, particularmente na ilusão de alguns que pensam que apresentam uma ou outra figura progressista isto vai lá tendo em conta a relação de forças na Assembleia da República”.
No encontro organizado, este sábado, em Lisboa, o PCP aprovou uma resolução, destacando o líder comunista “a tese da insustentabilidade que os arautos do Estado mínimo tanto apregoam, não está no investimento público no SNS, mas na transferência de milhares de milhões de euros para os grupos privados a partir das PPP, convenções e subsistemas públicos de saúde”.
Apesar de grande parte do discurso ter sido dedicado à questão da saúde, Jerónimo de Sousa não esqueceu outros avisos ao partido de geringonça PS.
“Se esse caminho do Governo anterior era de cortes e mais cortes, de infernizar a vida aos trabalhadores e aos reformados portugueses, exigindo sacrifícios em nome da crise, não se percebe que agora, em nome do sucesso, se venha dizer que é preciso travar às quatro rodas mais avanços, mais reposição de rendimentos e direitos”, advertiu.
Para o PCP, “se há progresso, se há sucesso, compete também aos trabalhadores receberem a parte devida por esse sucesso que é proclamado”.
“Não segue no bom caminho o PS e o seu governo quando procura a solução para os problemas dos trabalhadores, do povo e do País com o PSD e CDS”, condenou.