Estrategista de investimento Salman Ahmed explica que o ataque foi “cirúrgico” e que houve cuidado dos EUA, Reino Unido e França para não atingirem alvos russos durante o bombardeamento à Síria. Estas questões poderão ser tidas em conta pelos mercados e limitar as perdas.
Tensão geopolítica é um fator de instabilidade e incerteza entre os mercados e os bombardeamentos de forças norte-americanas, britânicas e francesas à Síria, na madrugada de sábado, deverão penalizar mercados acionistas e de obrigações esta segunda-feira. Por outro lado, o petróleo e o ouro deverão ser os grandes beneficiados.
Apesar de cada evento ser diferente, uma análise da Ned David Research (com base em dados relativos a mais de 20 reações do índice Dow Jones a situações de crise) mostra que os conflitos militares levam a desvalorizações nas bolsas. Mas também que essas perdas tendem a ser compensadas com recuperações nos dias, semanas ou meses seguintes (consoante a extensão temporal do evento).
Com o mundo ainda a tentar perceber o impacto dos bombardeamentos na Síria – justificados por um suposto ataque químico realizado pelo regime de Bashar al-Assad -, espera-se um dia negativo para as bolsas e obrigações. Em sentido contrário, o petróleo deverá prolongar os ganhos da semana passada e o ouro deverá brilhar no tradicional lugar de ativo-refúgio.
“O fluxo noticioso é, na realidade, melhor do que parecia que iria ser a determinada altura da semana passada porque o ataque foi cirúrgico e seguido de uma retirada. Os relatórios mostram que houve cuidado para não atingir alvos russos, o que é um bom sinal e o mercado deverá ter isso em conta”, explicou o estrategista-chefe de investimento da Lombard Odier, Salman Ahmed, em declarações à agência Reuters.
Naeem Aslam, analista-chefe de mercados da Think Markets, acrescentou que “o foco vai estar na reação por parte da Rússia”.
A Rússia – principal aliado da Síria – condenou os ataques à Síria e entregou uma resolução no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). No entanto, o documento que pedia uma condenação dos bombardeamentos conseguiu apenas votos a favor do próprio país, da China (ambos membros permanentes do Conselho de Segurança) e da Bolívia (membro não permanente) pelo que poderá haver ainda outras reações.