Nuno Correia da Silva, representante de Álvaro Sobrinho na SAD leonina, falou ao DN sobre a conturbada atualidade
“A Holdimo não gosta que a gestão da SAD tenha esta exposição pública”, confessou ontem ao DN Nuno Correia da Silva, o representante da empresa de Álvaro Sobrinho na SAD do Sporting.
A crise leonina levou mesmo o maior acionista privado da Sociedade (28, 85%) a pedir uma assembleia geral (AG) de acionistas com carácter urgente e aguarda a sua marcação por parte do presidente da Mesa da AG da SAD. João Sampaio tem agora entre 15 e 40 dias para o fazer, mas os últimos acontecimentos (retirada dos processos disciplinares) pode fazer recuar Álvaro Sobrinho nessa intenção.
O acionista angolano nunca quis colocar em causa a liderança de Bruno de Carvalho: “A Holdimo não iria aceitar que o Sporting emitisse opinião sobre a administração da Holdimo e por isso a Holdimo também não o irá fazer com o Sporting. Não se trata disso. O presidente da SAD foi eleito em AG, onde o Sporting tem a maioria. Não temos de emitir opinião sobre isso. Temos de acompanhar a evolução da Sociedade e intervir quando necessário.”
Foi o que fez, na segunda-feira à noite, depois dos acontecimentos de domingo, após o jogo com o Paços de Ferreira. Em comunicado, a empresa esgrimiu argumentos para justificar o pedido de reunião magna para debater o momento do leão, na esperança que até lá acontecesse um entendimento entre as partes. “Estas coisas resolvem-se com bom senso. Houve excessos, demasiada emoção e reconhecer isso não diminui ninguém, só engrandece”, lembrou o administrador não executivo da SAD, que ontem viu Bruno de Carvalho recuar na intenção de avançar com os processos disciplinares aos jogadores.
Esse é um assunto que o representante da Holdimo na SAD, Nuno Correia Silva, não quis abordar, reafirmando que a empresa não quer entrar em debate público de assuntos internos. No entanto, segundo soube o DN, o maior investidor privado fez ver à administração da SAD a influência nefasta de um processo disciplinar coletivo, já depois de se ter recusado a assinar o documento proposto pela administração, que suspendia de imediato os 19 atletas que partilharam o comunicado dos capitães e que estiveram até ontem sob ameaça de processos disciplinares (ver texto principal).
Ter um plantel inteiro sob processo disciplinar significava para a Holdimo ser dona de cerca de 30% de um ativo de 180 milhões de euros – valor do plantel, segundo o Transfermarket – sem os poder valorizar ou negociar.
A Holdimo já foi parceiro financeiro dos leões, mas nesta altura é apenas acionista da Sociedade Anónima do Sporting. A entrada da empresa do angolano na SAD decorreu da transferência de créditos que Álvaro Sobrinho tinha sobre empréstimos que fez aos leões para a compra de jogadores e em que tinha como garantia uma percentagem dos passes, depois convertida em capital social.
A participação da sociedade representa agora 20 milhões de euros em ações, ou seja 28, 85 %. Daí a Holdimo estar preocupada com a desvalorização de 30% sofrida em bolsa esta semana, que obrigou o maior investidor privado da SAD a intervir para tentar amenizar a crise leonina.