O ministro das Finanças defende, num texto de opinião no “Público”, que é falsa a ideia de que o défice tenha sido atingido por via de reduções do lado da despesa dedicada ao funcionamento dos serviços públicos
Não há, não pode haver um voltar atrás. Os resultados conquistados com a redução do défice nos últimos dois anos não podem ser “efémeros” ou colocados em risco, defende Mário Centeno, ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, num texto de opinião publicado esta segunda-feira no “Público”.
“A trajetória de redução do défice deve ser equilibrada mas efetiva. Se em 2017 cumprimos essa redução com mais despesa na saúde, mais despesa na educação e menos despesa com juros, devemos manter esse equilíbrio no futuro. Para o conseguir temos que manter a trajetória de redução da dívida, manter o esforço de racionalização e de eficiência da despesa pública”, escreve o ministro das Finanças.
Para Centeno, o Governo, em vez de entrar numa lógica despesista, deverá continuar a devolver confiança com políticas que criem emprego e conduzam ao aumento do investimento, assegurando, ao mesmo tempo, “margem fiscal e orçamental para fazer face a futuras crises. Para que os resultados conquistados não sejam efémeros”.
“Os poderes públicos são a maior fonte de “paciência” e estabilidade numa sociedade. O contrário é o berço do populismo das receitas fáceis”, aponta o governante.
Segundo Centeno, Portugal “está melhor”. “Vive o seu melhor desempenho económico e financeiro de várias décadas”. Fruindo do momento bom que atravessa a economia europeia, “temos que nos preparar para o futuro. Não podemos perder mais uma oportunidade”, diz.
Ainda no mesmo texto, o ministro das Finanças defende que é falsa a ideia de que o défice tenha sido atingido por reduções do lado da despesa dedicada ao funcionamento dos serviços públicos.
“A melhoria dos indicadores orçamentais não foi transversal aos diferentes subsetores da Administração Pública”, escreve. A título de exemplo, lembra que no Serviço Nacional de Saúde a despesa cresceu 3,5% em 2017. Já na escola pública, em 2017, a despesa com pessoal cresceu 1,6% e com bens e serviços aumentou 5,3%.