Portugueses gastaram mais de 16 mil milhões de minutos ao telemóvel no primeiro semestre
Até junho, os portugueses gastaram em média 238 minutos, por mês, em chamadas. Tráfego da internet móvel também cresceu. Anacom divulgou dados relativos ao tráfego de voz e ao tráfego de internet móvel do serviço móvel no primeiro semestre deste ano. A principal conclusão é que a pandemia alterou os padrões de consumo.
O tempo que os utilizadores de telemóvel empreenderam em chamadas telefónicas cresceu significativamente no primeiro semestre de 2020, impulsionado pelos efeitos da pandemia da Covid-19. O tráfego de voz mensal do serviço móvel disparou 17% para 16,7 milhões de minutos, face ao período homólogo de 2019, de acordo com os dados da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), divulgados na terça-feira, 1 de setembro.
As medidas excecionais associadas à pandemia da Covid-19 resultaram numa alteração dos padrões de consumo dos serviços móveis, resultando num “forte impacto no número de minutos de conversação por acesso de voz móvel, que foi, em média, de 238 por mês, mais 36 minutos do que em igual período de 2019”.
Assim, a duração média das chamadas atingiu um máximo histórico de 203 segundos por chamada, mais 41 segundos do que no primeiro semestre de 2019. Trata-se de o “valor mais alto registado até à data”, segundo o regulador das comunicações.
Por tipo de chamada, o crescimento verificado no tráfego de voz em minutos é resultado de um aumento de 24,9% no tráfego de voz off-net e num crescimento de 12,5% no tráfego de voz on-net.
“Registaram-se igualmente aumentos significativos no tráfego móvel-fixo (+20,0%) e com destino a números curtos e não geográficos (+20,3%). O tráfego com destino a redes internacionais diminuiu 14,6% face a igual período do ano anterior”, acrescenta a Anacom.
Oferta de 10 GB das operadoras impulsiona tráfego de internet móvel
A par dos dados sobre o tráfego de voz móvel, a Anacom revelou também números sobre o tráfego de internet em banda larga móvel. No primeiro semestre deste ano, também pelos efeitos da pandemia da Covid-19, o tráfego de internet em banda larga móvel cresceu 33,9%.
Por utilizador ativo de internet móvel, o tráfego médio mensal cresceu 28,9, face ao período homólogo, sendo que cada utilizador consumiu 4,5 gigabytes (GB) por mês, em média.
A Anacom salienta que o aumento do consumo de internet de banda larga móvel estará diretamente relacionado com a oferta de 10 GB de dados móveis que Vodafone, NOS e Altice ofereceram aos seus clientes, no início do estado de emergência, decretado em 18 de março devido à pandemia da Covid-19.
“Os acessos móveis habilitados a utilizarem o serviço totalizaram 16,9 milhões, dos quais 12 milhões (71,4% do total) foram efetivamente utilizados. Excluindo o número de acessos afetos a PC/tablet/pen/router, os acessos móveis ascenderam a 11,5 milhões”, refere o regulador.
A Anacom revela também que a penetração do serviço móvel ascendeu a 164 por 100 habitantes. Mas, excluindo os acessos móveis em machine-to-machine, a taxa de penetração em Portugal seria de 117 por 100 habitantes. E “se se excluíssem os acessos afetos exclusivamente a serviços de dados e acesso à internet (cartões associados a PC/tablet/pen/router), a penetração dos serviços móveis seria de 112 por 100 habitantes”. Já observando apenas os acessos móveis comercializados em pacote com serviços prestados em local fixo (pacotes convergentes) a penetração foi de 45,4 por 100 habitantes.
Na globalidade dos dados, a penetração da internet móvel foi de 76,4 por 100 habitantes, o que corresponde a um ligeiro crescimento de 0,5 pontos percentuais face aos primeiros seis meses do ano de 2019. “O número de utilizadores efetivos do serviço móvel de acesso à internet fixou-se em 7,9 milhões (+0,9% que em igual período do ano anterior), continuando a tendência de desaceleração que se iniciou em 2017”.
Pela primeira vez ‘Roaming’ observado em níveis negativos
Quanto ao tráfego de roaming, o regulador das comunicações registou um decréscimo em todos os tipos de tráfego no primeiro semestre, devido sobretudo à quebra de viagens internacionais gerada pelo surto epidemiológico do novo coronavírus. Destaca-se o tráfego de internet em roaming que, pela primeira vez, desde o início da recolha do indicador (ano de 2010) registou taxas de crescimento negativas face ao trimestre anterior, nomeadamente de -27,5% no roaming in e -7,2% no roming out.
MEO lidera quota de mercado no final de junho
A Meo, empresa detida pela Altice Portugal, foi a operadora com a quota mais elevada dos acessos móveis ativos com utilização efetiva (41,0%), seguida da Vodafone (30,1%) e da NOS (26,2%). Contudo, foi a NOS que registou maior crescimento de quota (+1,2 pontos percentuais), quando Meo e Vodafone registaram uma quebra (-1,2 e -0,1 ponto percentuais, respetivamente).
Quanto aos subscritores de internet em banda móvel, a Meo registou uma quota de 38,3%, seguindo-se a Vodafone com 29,9% e a NOS com 29,6%.
Já no tráfego de internet em banda larga, a Anacom observou a maior quota de mercado (46,2%) na NOS, seguida da Meo e da Vodafone (27,1% e 26,3%, respetivamente).