Parque das Nações. Estudo aponta para resíduos perigosos nos solos
Um novo estudo levado a cabo por um engenheiro civil dá conta de que amostras recolhidas nos solos apresentam valores que são superiores à classificação que os determina como sendo perigosos. Em cima da mesa estão projetos para construir um hotel, prédios de habitação e uma escola.
A notícia é avançada esta segunda-feira pelo Público, salientando o jornal que este estudo, ao qual teve acesso, levanta dúvidas quanto às avaliações feitas e que constam nos alvarás das construções. O estudo foi conduzido por Miguel Amorim, engenheiro civil e morador no Parque das Nações, em Lisboa.
As percentagens da quantidade de solos classificados como sendo perigosos são baixas relativamente às avaliações que constam nos alvarás das construções. As obras onde os solos, segundo o estudo, revelaram níveis elevados, decorrem nas avenidas D. João II, Fernando Pessoa, Ulisses, Praça Príncipe Perfeito, na Rua Mário Botas (nestas um hotel e apartamentos para habitação) e na Rua Gaivotas em Terra (nesta um agrupamento escolar).
Miguel Amorim decidiu fazer as avaliações pelos próprios meios porque além de ser um morador da zona, está preocupado com a saúde não só de quem ali vive, mas também dos trabalhadores que estão ligados à obra. Amorim enfatiza ao jornal que o licenciamento das obras tem como objetivo a remoção e confinamento de resíduos não contaminados, contaminados não perigosos e contaminados perigosos.
Todavia, o Público salienta que as “amostras analisadas para um largo espetro de substâncias indicam que foram encontrados valores acima dos patamares que levam à classificação como perigosos os resíduos naqueles locais”, o que levanta dúvidas sobre “as avaliações feitas e que constam dos alvarás que autorizam aquelas construções”.
Esta não foi a primeira denúncia nem o tema é o novo. Em junho do ano passado, a associação de moradores A Cidade Imaginada Parque das Nações (ACIPN) também tinha considerado que as “entidades oficiais não cumprem com o seu dever” relativamente às contaminações ocorridas naquela freguesia do concelho de Lisboa.
Na mesma altura, a associação ambientalista Zero, anunciou que tinha sido descoberto “um novo depósito de resíduos com hidrocarbonetos” perto do Hospital CUF Descobertas. Porém, a associação foi mais longe e considerou que a descontaminação dos terrenos da zona do Parque das Nações “foi uma fraude”.
(Notícia atualizada às 9:58)