Líder da Guarda Revolucionária do Irão ameaça “incendiar” lugares ligados aos EUA
O líder da Guarda Revolucionária do Irão, Hossein Salami, ameaçou hoje "incendiar" lugares próximos dos Estados Unidos, provocando gritos de "Morte a Israel!" entre uma multidão de apoiantes.
Salami fez a promessa diante de milhares de pessoas reunidas numa praça central de Kerman, cidade natal do general iraniano Qassem Soleimani, morto na sexta-feira durante um ataque norte-americano a Bagdad, no Iraque.
Hossein Salami elogiou as façanhas do general Soleimani e disse que, como mártir, representava uma ameaça ainda maior aos inimigos do Irão.
“Vamos vingar-nos. Vamos incendiar os locais que (os Estados Unidos) apreciam”, disse o líder da Guarda Revolucionária do Irão, provocando os gritos de “Morte a Israel!” entre a multidão.
O seu discurso refletiu as exigências das principais autoridades iranianas — como do líder supremo ayatollah Ali Khamenei – e também de apoiantes por toda a República Islâmica, que exigem retaliação contra os Estados Unidos pela morte de Soleimani.
Os habitantes de Kerman afluíram hoje em massa ao centro da cidade iraniana, onde vai ser enterrado o general Qassem Soleimani.
Dezenas de milhares de pessoas, vestidas de preto, empunhavam imagens de Soleimani e exigiam vingança contra os Estados Unidos, aumentando drasticamente as tensões no Médio Oriente.
Na segunda-feira, a polícia iraniana disse que milhões de pessoas se concentraram em Teerão para prestar homenagem ao general e às restantes vítimas do ataque aéreo norte-americano em Bagdade.
O enterro do comandante da força de elite iraniana Al-Quds vai realizar-se no sul do Irão, numa cerimónia que vai ser presidida pelo líder supremo iraniano, ‘ayatollah’ Ali Khamenei.
Qassem Soleimani morreu na sexta-feira num ataque aéreo contra o carro em que seguia, junto ao aeroporto internacional de Bagdade, ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
No mesmo ataque morreu também o ‘número dois’ da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular (Hachd al-Chaabi), além de outras oito pessoas.
O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e só terminou quando Donald Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.
O Irão prometeu vingança e anunciou no domingo que deixará de respeitar os limites impostos pelo tratado nuclear assinado em 2015 com os cinco países com assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas — Rússia, França, Reino Unido, China e EUA — mais a Alemanha, e que visava restringir a capacidade iraniana de desenvolvimento de armas nucleares. Os Estados Unidos abandonaram o acordo em maio de 2018.
No Iraque, o parlamento aprovou uma resolução em que pede ao Governo para rasgar o acordo com os EUA, estabelecido em 2016, no qual Washington se compromete a ajudar na luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico e que justifica a presença de cerca de 5.200 militares norte-americanos no território iraquiano.