Motoristas fazem apelo a Marcelo: “já não conseguimos suportar as condições em que vivemos”
Em carta aberta dirigida ao Presidente da República, o SIMM garante que está a “fazer tudo para evitar a greve” e pediu a Marcelo para “chamar aqueles que têm capacidade para resolver este diferendo e exigir a resolução deste conflito”.
Em carta aberta, à qual o Jornal Económico teve acesso, o Sindicato Independente dos Motoristas Mercadorias (SIMM) fez um apelo ao Presidente da República: “senhor Presidente, nós os motoristas (…) já não conseguimos suportar as condições em que vivemos e trabalhamos”.
Na carta, com cinco parágrafos, o SIMM disse que “seria compreensível se os sindicatos que convocaram a greve do próximo dia 12 não tivessem avançado, no pré-aviso, com propostas de serviços mínimos a 100% para todos esses serviços impreteríveis e 25% nos restantes serviços”. E disse ainda que também “seria compreensível se tivesse havido alguma declaração por parte dos dirigentes desses sindicatos no sentido não tencionarem cumprir com os serviços mínimos”.
Mas, em ambos os casos, o SIMM frisou que “tal não aconteceu” e explicou ainda que não tem “qualquer intenção de prejudicar o país, nem os nossos concidadãos”.
Ao Presidente da República, o SIMM pediu que “não consinta que continue este ataque às nossas condições de vida e de trabalho” e lembrou que “também, nós, somos portugueses”.
O SIMM lançou farpas ao Governo devido às “recentes declarações de alguns titulares de cargos políticos não podem deixar de causar estranheza e preocupação”.
“Estranheza porque não é compreensível que ministros venham dizer na praça pública que tem que se olhar e ‘quiçá’ alterar a lei da greve”, e “preocupação porque o Governo anuncia, pela primeira vez em democracia, que vai usar as forças militares com o pretexto de se acudir à população”.
O sindicato referiu ainda que o Governo tem o objetivo de “impedir e furar a greve dos motoristas de mercadorias” e disse que “a utilização das forças armadas seria compreensível se, na greve do passado mês de abril, tivessem havido notícias de que algum serviço social impreterível paralisou ou sofreu constrangimentos no socorro ou auxílio às populações”. Mas, “tal não aconteceu”, vincou o SIMM.
“Muito se tem falado sobre a nossa luta, mas sobre as verdadeiras razões para termos chegados até aqui, nada, ou quase nada”, continuou o SIMM. “Por isso lhe fazemos este apelo (…) como garante da Constituição” e para “chamar aqueles que têm capacidade para resolver este diferendo e exigir a resolução deste conflito”.
No último parágrafo, o SIMM salientou que “agora é tempo de agir”. “Nós, ao mesmo tempo que nos preparamos e organizamos para esta luta, estamos a fazer tudo para evitar a greve”.
As negociações dos motoristas com a ANTRAM, a associação patronal do setor, entraram em ruptura depois de os motoristas a acusarem de não cumprir com o que tinha sido acordado após a greve de abril.