Maduro exige que Portugal devolva mais de 1,5 mil milhões de euros
O Presidente Venezuelano contrabalançou as exigências com a abertura para a chegada de ajuda humanitária internacional, desde que monitorizada pelo Governo.
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, exigiu ontem que o Novo Banco devolva os fundos venezuelanos que congelou, mais de 1,5 mil milhões de euros, destinados “a comprar medicamentos e comida”, segundo o Maduro. O Presidente venezuelano apelou ao governo português, para que pressione o Novo Banco – apesar de Portugal reconhecer como presidente interino o líder da oposição, Juan Guaidó. A Venezuela enfrenta uma grave crise económica e humanitária, agravada pelas sanções norte-americanas, que têm aumentado nos últimos meses.
O pedido a Portugal foi precedido pela aceitação de ajuda humanitária, algo que Maduro recusou anteriormente, negando a existência de uma crise e afirmando que se os EUA e Europa “realmente querem ajudar” a Venezuela “desbloqueiem todos os recursos económicos” – para permitir que o Governo retome programas sociais e o apoio às populações. Agora, Maduro garante que “toda a ajuda humanitária é bem-vinda”, na condição de que a entrada de mantimentos seja coordenada e monitorizada pelo Governo.
Esta condição tem sido recusada pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, cujas tentativas de fazer entrar ajuda humanitária tem sido coordenadas com o autoproclamado presidente interino – apesar deste ter pouco ou nenhum controlo sobre o Estado venezuelano.
Os primeiros carregamentos de ajuda humanitária chegaram a Caracas na terça-feira, através da Cruz Vermelha Internacional. Incluindo medicamentos, equipamento médico e geradores elétricos – para enfrentar as sucessivas quebras da rede elétrica no país, que afetaram escolas, hospitais e até a distribuição de água potável.
A Cruz Vermelha Internacional já anunciou que irá triplicar o seu orçamento para a Venezuela, passando de cerca de 8 milhões de euros para 24,6 milhões de euros. Uma quantia ainda assim insuficiente para resolver as dificuldades dos “sete milhões de pessoas que precisam de ajuda humanitária urgente”, quase 25% da população, segundo o chefe da missão das Nações Unidas no país, Mark Lowcock. A Cruz Vermelha assegura que toda a distribuição está a decorrer consoante os princípios da imparcialidade e respeito pela soberania.
Já Guaidó vê como bem-vinda a ajuda humanitária, escrevendo no Twitter: “O regime negou a crise humanitária, mas graças à nossa pressão foi obrigado a reconhecê-la”.